A mediunidade é conceituada como a comunicação que podemos ter com os seres do mundo espiritual, que pode ser sutil, normal, ou pode ser ostensiva, anormal, de acordo com critérios estatísticos. O que é importante sabermos é que todos possuímos mediunidade, quer seja sutil na forma de intuições, quando se pensa ser fruto apenas de nossa imaginação, quer seja ostensiva, quando a dúvida de ser devido a inteligências extracorpóreas fica mais atenuada. Essas informações que recebemos do mundo espiritual, quando estamos sintonizado com as energias do Amor, devem ser guardadas dentro de uma espécie de cofre forte do nosso psiquismo, sempre pautado por uma conduta reta, seguindo o Evangelho cristão.
Parece existir uma relação dessa mediunidade com o tormento que podemos sofrer devido o nosso passado delituoso. Quanto maior a ostensividade da mediunidade, maior a dívida que devemos pagar, além dos tormentos que funcionam como estímulos de fora para excitar nossos instintos para os desvios de rota, muito bem expresso nos sete pecados capitais (gula, ira, vaidade, luxúria, preguiça, inveja, avareza) incluindo o uso de drogas lícitas e ilícitas.
O Evangelho funciona como autoterapia com a indicação para se obter a paz íntima, o modo de usar se faz com o serviço edificante, geralmente no trabalho voluntário junto a associações ou comunidades carentes, e o efeito colateral que pode acontecer é da pessoa desenvolver a prepotência, se sentir superior aos irmãos com dificuldades e sair do caminho reto.
Além de usar o Evangelho em nosso próprio proveito, também podemos usá-lo para ajudar os outros, ao companheiro aflito que necessita de uma palavra de carinho, ao passante atribulado que precisa de entendimento dos seus tormentos, ao amigo amesquinhado que precisa de doação de um pouco de pensamento superior, e do homem de mente desalinhada que precisa da nossa solidariedade. Podemos entender assim que, o “ide” de Jesus não é um chamado, e sim uma ordem.
Quando estamos engajados no trabalho do Bem, o salário que recebemos é a ajuda para sairmos do Pantanal que o nosso passado nos lançou, de arrefecer os tormentos de ontem que teima em seguir nossos passos, e os tormentos de hoje que examina a força de nossa fé. Nesse caso o trabalho serve de oração poderosa para servir de companheira inseparável para que os tormentos não tenham acesso à mente nem guarida no coração.
Chico Xavier já nos advertia para que “não nos aborreçamos com o trabalho que a vida nos confia, uma vez que, através dele é que atingiremos a promoção justa na escala de valores da vida real”.
A natureza da nossa mediunidade, sutil ou ostensiva, deve estar sempre sintonizada no Bem. Devemos desenvolver um filtro especial para os registros especiais que chegam à nossa consciência, reconhecendo que os irmãos tanto encarnados como desencarnados caminham pelas mesmas dificuldades, mas que devemos sempre operar na sintonia do Bem, compreendendo a todos, justos e injustos, felizes e infelizes, pois todos são nossos irmãos e destinados ao mesmo objetivo, que é o nível de angelitude. Portanto, o irmão, criminoso que seja, devemos sondar a possibilidade dele rever sua posição e entrar no exército do Cristo, disposto a pagar com o trabalho e a aplicação do Amor a multidão de pecados que haja praticado.
Lembremos da questão 629 do Livro dos Espíritos: “Moral é a regra do bem proceder, isto é, de distinguir o Bem do Mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus.”
Também devemos lembrar que as influências nocivas estão ao nosso redor, aqui no mundo material como, principalmente, no mundo espiritual. Temos exemplos dessas influenciações nocivas no próprio Evangelho: Herodíades que ficou fascinada pelo Batista e terminou patrocinando a sua decapitação; uma pessoa que estava na Sinagoga e foi induzido a contestar o Cristo – “que temos nós contigo?”; Maria de Magdala que sofria as influenciações negativas relacionadas ao sexo; um pai angustiado que procurou o Cristo devido o filho sofrer influenciação que o deixava a gritar e espumar; e o próprio Judas, discípulo próximo do Mestre, que terminou sendo seduzido por mentes perturbadas.
A mediunidade é oportunidade de sublimação, naquele médium falante para evitar os erros persistentes, no médium escrevente para aliviar das angústias interiores, no médium curador para socorrer a alma em perigo, e do médium que enxerga para possibilitar a visão dos seus dramas íntimos.
Podemos resumir que as finalidades da mediunidade é servir de elo entre os dois mundos, uma comprovação e antevisão do mundo espiritual, um aprendizado com os desencarnados, a oportunidade de servir com mais profundidade espiritual levando ao aperfeiçoamento do espírito, e ter a oportunidade de sublimar os erros cometidos.
Existe um grupo de pessoas que são alvos preferenciais das influências negativas, que são os políticos. Uma vez que essas pessoas devem refletir o pensamento social nos tribunais de justiça, nas cadeiras legislativas e nos cargos executivos, a sintonia com o Bem, seguindo a ética, o Amor, é fundamental. Porém, como estamos ainda mais perto da animalidade do que da angelitude, as influências negativas sintonizam com nossos instintos e abrem a possibilidade de obsessões que podem se tornar verdadeira epidemia.
Os médiuns intuitivos que fazem parte da maioria da população, devem conhecer e praticar o Evangelho do Cristo como forma de se contrapor a essa situação de confronto que representa uma verdadeira batalha espiritual. Devemos nos apiedar de quantos passam por nossas vidas, oferecer nosso coração, doar a nossa prece em favor dessas almas mais atormentadas que nós, e agradecer a Jesus por ter vindo até aqui nos trazer as lições da Verdade, os caminhos da Vida e praticar o Amor como forma de vencer as tormentas.