A iluminação consciencial é um estágio da vida onde a pessoa atingiu um grau de sabedoria suficiente para não mais ser iludido pelas estratégias da mentira, dos senhores da escuridão.
E um estágio difícil de ser atingido, necessita de muito esforço, estudo e meditação. Pouca gente se preocupa com isso, talvez nem tenha o conhecimento de sua existência. Passam a vida lutando apenas pela sobrevivência, como se somente existisse o mundo material.
Não é que a luta pela sobrevivência não seja importante. Sim, mas não podemos deixar que esses trabalhos externos ofusquem a real importância dos trabalhos internos em busca da luz. Nesse contexto passo a entender cada vez mais a posição de Jesus quanto a reclamação de Marta, quanto a Maria que não lhe ajudava nos afazeres da casa. Jesus disse que Maria havia escolhido a melhor parte, e isso significava que todo o esforço de Marta para deixar a casa limpa e fazer a comida dos visitantes era secundário. Eu acreditava que Jesus havia sido injusto com Marta e complacente com Maria. Mas observando agora a necessidade prioritária de nossa iluminação consciencial, e estando Jesus ali com a disposição de fazer essa iluminação, Maria correu logo em busca do seu quinhão consciencial. Marta ficou presa nos afazeres da casa, que mesmo tendo um sentido nobre de acolher os visitantes, fez ela deixar a prioridade pelo secundário.
Agora eu entendo melhor o que Jesus quis ensinar, e se eu estivesse na condição de Marta naquela visita de Jesus, eu iria ficar junto com minha irmã aos pés de Jesus, e juntas absorvermos o quanto fosse possível de luz. Depois que isso fosse feito e sentíssemos a necessidade de alimento para o nosso corpo, então eu procuraria fazer o necessário e nesse momento eu poderia ter não só a ajuda da minha irmã, como de muitos convidados que também estavam ali naquele momento.
A iluminação consciencial, a plena realização crística é bem mais importante do que qualquer trabalho externo, que podem ser considerados como um meio para atingirmos um fim.
Atividades externas nunca devem ser outra coisa a não ser uma forma de transbordamento espontâneo de uma plenitude interior. Se essa plenitude não existe, o que pode transbordar? Fogo pintado não dá luz nem calor, ao passo que a menor parcela de fogo real pode atear incêndios e iluminar mundos inteiros.
Pouco importa o que o homem diga, faça ou tenha – tudo importa o que ele é, que se refere a qualidade do seu íntimo EU
Está relatado no “Atos dos Apóstolos” que quando os chefes espirituais da primitiva igreja cristã perceberam que se iam dispersando em atividades externas e trabalhos sociais de organização, resolveram nomear auxiliares para essa tarefa, e assim poderem se dedicar à oração e pregação da palavra do Senhor, a transmitir a Luz do Mestre.
Sabiam esses discípulos do Cristo que o fator decisivo, em qualquer trabalho de caráter espiritual, é a espiritualidade de quem preside a esse trabalho, aquilo que ele é no seu íntimo ser, e não aquilo que ele realiza ou organiza no plano externo.
A caridade social realiza grandes obras, mas só o Amor espiritual realiza o homem. Onde quer que exista um homem plenamente realizado pelo Amor, ali serão realizadas grandes obras, e essas coisas serão fecundas e benéficas; mas onde não há realização pelo Amor, senão apenas caridade, ali se realizarão ruidosos trabalhos externos, que, por melhores em si mesmo, correrão perigo de colapso e desintegração, por falta de sacralidade interior.
Pouco importa o que o homem realize no mundo externo dos objetos, tudo importa o que ele realiza em si mesmo. Uma única autorrealização supera todas as realizações exteriores.
Gandhi dizia que “Se um único homem chegar a plenitude do Amor, neutralizará o ódio de milhões”.