Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
06/07/2017 05h33
O MENOR É O MAIOR

            No cenário da última ceia de Jesus com seus discípulos, descrito pelo espírito Humberto de Campos através do médium Chico Xavier, no livro “Boa Nova”, chegou um momento de empolgação onde todos lembravam da entrada triunfal do Mestre em Jerusalém. Jesus ouvia à distância, o burburinho do falatório. Os filhos de Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois do triunfo, todos deveriam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tomé e lhe fazia sentir que, verificada a vitória, se lhe constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, em que erigiriam seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que seu intento era dominar os mais fortes e impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.

            O Mestre ficou incomodado, as discussões iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos. Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los com entristecida piedade.

            Nesse instante os apóstolos observaram que Ele se erguia. Com espanto de todos, despiu a túnica singela e cingiu-se com uma toalha em torno dos rins, à moda dos escravos mais íntimos, a serviço dos seus senhores. E, como se fossem dispensáveis as palavras naquela hora decisiva de exemplificação, tomou de um vaso de água perfumada e, ajoelhando-se, começou a lavar os pés dos discípulos. Ante o protesto geral em face daquele ato de suprema humildade, Jesus repetiu o seu imorredouro ensinamento:

            - Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade, o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.

            Esta simbologia do “lava-pés” se estende até os dias atuais pela igreja católica, que pretende levar avante todos os ensinamentos do Cristo. A simbologia serve para nos lembrar da importância da humildade e de praticá-la no dia-a-dia. Infelizmente muito param somente na simbologia e esquecem da prática da humildade. Esse é um dos motivos pelos quais a sociedade humana pouco avançou em direção ao Reino dos Céus. A letra do Evangelho, a simbologia dos ensinamentos, pouco afeta as relações humanas e a Terra continua infestada pelo mal nas suas formas mais diferentes, quer seja por violências, quer seja a fome ou as guerras.

            É importante que as lições do Cristo sejam realmente praticadas e não usadas para a conquista de mais poder e prazeres que atende apenas aos apelos do ego, até mesmo por religiosos que trabalham e sobrevivem através dos recursos da divulgação do Evangelho.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/07/2017 às 05h33