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13/07/2017 03h51
DIMENSÕES DA VERDADE (07) – EXAMINANDO O SOFRIMENTO

            A solução simplista de fugir da aflição, de libertar-se da dor e esquecer o que se sofre, ainda é a mais procurada pela humanidade.

            Da mesma forma, as correntes religiosas até ligadas ao cristianismo, procuram um processo de transferência para as dores percebidas, um livramento sem sofrimento pelo artifício da prece, uma libertação gratuita dos seus males, usando Deus como se fosse um simples atendente dos seus desejos e necessidades. Não percebem, como percebeu C.S. Lewis, que o sofrimento é o megafone de Deus para um mundo ensurdecido da responsabilidade de pagamento pelas más ações praticadas.

            Por outro lado, o materialismo filosófico ou científico, também procuram encontrar uma saída na necessidade desse pagamento pelo artifício do sofrimento. Encaram a busca do prazer como forma conciliatória com o padecimento, um entorpecimento do caráter pela fuga dos maus feitos realizados, e o uso de drogas como forma imediata de fugir do sofrimento moral, psicológico ou físico. Para esse fim, podemos observar diversos livros nas prateleiras que motivam muitas pessoas a seguirem as suas instruções em busca desse conforto para superar o sofrimento.

            É importante que o sofrimento seja encarado como um servidor da alma, que sacode e desperta a mente, que reequilibra a Lei que foi desobedecida. Pela responsabilidade que o sofrimento apresenta de corrigir os desvios da alma, ele chega aqui ou ali de mil formas, fala com uma linguagem vigorosa, apesar de poucos entenderem o que ele quer dizer. É importante a compreensão de que a relação entre nossas emoções, sentimentos e imperfeições morais, dá origem a dor e ao sofrimento através de doenças físicas e emocionais.

            O filósofo Zenão de Cítio (333 aC) ensinava que devíamos encarar o sofrimento com altivez e fundou a escola do Estoicismo com essa característica. Defendia que o desdém as coisas materiais e o culto das virtudes valorizava o homem para vencer a dor com nobreza e fé.

            O filósofo Sócrates também contribuiu para o suporte da dor e sofrimento. Dizia que “saibam quantos o queiram, que por isso sou odiado: por dizer a Verdade.” Defendia o culto da moral e da virtude para vencer o sofrimento, suportando com estoicismo a injusta posição.

            São Francisco de Assis também fez o enfrentamento digno da dor. Ele dizia que começasse a fazer o que é necessário, depois o que é possível, e de repente se estaria fazendo o impossível. Manteve a força do amor no exercício das virtudes cristãs como chave do enigma angustiante do sofrimento. Chegou a um nível de bendizer a dor.

            Joana D’Arc foi outra personalidade que enfrentou com dignidade a dor. Traída e encarcerada, procurou ouvir suas vozes espirituais que a animavam e orientavam, superando o cárcere, a humilhação e a fogueira, sintonizada com Jesus e superando a própria dor.

            Com tudo isso, podemos considerar um tipo de economia espiritual onde a dor representa uma moeda de resgate por nossas falhas. O sofrimento passa a ser uma concessão divina e a aflição o exercício para que se possa fixar o bem.

            Enfim, temos a lição máxima de Jesus, que teve no sofrimento uma rota de iluminação e considerava um amigo para todas as horas. Ensinava que devemos ter bom ânimo, ser estoico e cristão, levantar a cabeça, tomar as mãos como asas de amor para louvar ao Senhor no trabalho e no bem. Para o filho de Deus, foi algo além do extraordinário, ser homem de dores, e desprezado. Portanto, tendo passado por tudo isso, há no Senhor suprema autoridade para falar de ter bom ânimo no sofrimento.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/07/2017 às 03h51