Quem possui o conhecimento da sistemática da vida, envolvendo o mundo material e o espiritual, da lei da reencarnação como forma de aprendizado evolutivo ao longo do tempo, pode ficar confuso com relação ao esquecimento que temos de nossas vivências passadas ao reencarnar em novo corpo. Pensam que isso serve de obstáculo para discernir os amigos dos inimigos, que podemos caminhar atormentados sem o conhecimento do destino por causa dessa ignorância do passado. Assim pode ser concluído que a reencarnação não é coerente com o Amor do Pai, devido a não encontrar na memória os registros do passado.
Leon Denis tenta explicar esse esquecimento, em seu livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, no cap. XIII, As Vidas Sucessivas: É a essa redução das vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir à perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espesso envolve a alma e apaga-lhe as radiações interiores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização por ocasião da (...)
Mas, esse esquecimento do nosso passado não deveria nos preocupar tanto assim, pois pensamos, agimos e vivemos, sem conhecer suficientemente a mecânica do raciocínio, a razão dos impulsos, ou os automatismos fisiológicos. Temos o trabalho de Freud em 1889 sobre a “Interpretação dos sonhos” como uma tentativa de entender os mecanismos psicológicos. Esse trabalho explica do ponto de vista dele, um novo modelo do inconsciente e desenvolve um método para conseguir acesso ao mesmo, tomando elementos de suas experiências prévias com as técnicas de hipnose.
Enfim, usamos todos os nossos cinco sentidos, e mais alguns sentidos que nem tomamos conhecimentos deles, sem saber como eles funcionam na sua mecânica.
Para comparar o que um espírito inexperiente pode fazer com suas memórias, basta ver como uma criança deficiente tem dificuldade de aprender a controlar os movimentos do seus corpo, de encontrar a lógica de determinada situação. Quanto mais se esse espirito encarnado com todas suas dificuldade emocionais e morais, se deparasse com os crimes que cometeu, com quem foi injusto com ele, ou mesmo ter sido jogado numa arena para ser queimado ou trucidado pelos leões.
Agora, tem ocasiões em que a força desse passado surge de forma dramática na mente da pessoa, atrapalhando o seu desenvolvimento e relacionamentos. Nesta situação é indicado o tratamento das vivências passadas, com profissional habilitado para isso.
Porém, existe uma forma mais fácil e prática de identificar as pessoas significativas do nosso passado, tanto para o bem como para o mal. Basta observar as afinidades, considerar as emoções de quem está próximo, meditar sobre tudo e concluir com o auxílio do tempo. Importante envolver a todos com as vibrações do entendimento e da cordialidade.
Os obstáculos afetivos estão sempre à nossa volta, no lar principalmente, com os parentes que podem gerar sentimentos de asco, revolta e animosidade. Devemos combater nossas idiossincrasias, aversões, forças negativas que se alojam dentro de nós. Fazendo isso, podemos ver os sentimentos afetivos mudar-se de antipatia para afinidade. As emoções experimentadas no corpo carnal podem ser transformadas e processadas na natureza espiritual, que transcende os interesses imediatos, promovendo o bem estar e alegria na convivência, sabendo que, todo sentimento de companheirismo é adubo para o Amor.
Isso serve para mostrar nossa incompetência emocional, pois se na intimidade doméstica já existe penosos e constantes conflitos, como desejar recordar vivências passadas, com toda sua carga de animosidade retida nos escaninhos da memória?
Pelo contrário, devemos aproveitar a lâmpada da oportunidade que a vida nos oferece, colocando novamente a oportunidade de corrigirmos os erros com as pessoas que voltam a fazer parte dos nossos relacionamentos, esquecer o mal que nos foi feito e agir com acerto, ignorar o feito dos maus para tentar ajuda-los, e lutar contra a antipatia que surge naturalmente dirigida a algumas pessoas. Lembremos do que Madre Tereza de Calcutá dizia: “Dê ao mundo o melhor de você. Mas isso pode não ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo. Veja você que, no final das contas, é tudo entre você e Deus. Nunca foi entre você e os outros.”
E, finalmente, não deixemos de aprender com o Mestre Jesus que é o Governador de nosso planeta. A Terra ainda está no estágio de ser um Hospital-Escola para espíritos recalcitrantes no mal, por isso é feito que a mente espiritual mergulhe no esquecimento. É como dito por Divaldo Franco, se lembrássemos de todas as nossas vidas passadas, muitos de nós enlouqueceríamos, sem qualquer resistência para continuar no corpo.
Jesus é o nosso modelo de amor e perdão. Na cruz rogou ao Pai o perdão aos seus agressores. Estêvão teve a mesma atitude, porque teve a sua vida transformada pelo poder da graça de Deus. O Mestre jamais vacilou na demonstração do Amor, nos momentos mais difíceis... usou o Amor puro e simples com o esquecimento do mal para que este não se corporificasse em sombra.