Quando atravessamos dificuldades na vida, uma tendência é murmurar quanto a falta de apoio. Ao tropeçar reclamamos da falta de socorro espiritual; ao cair, dizemos que a bondade celeste nos esqueceu; ao sofrer, reclamamos, pois são dores imerecidas; ao ser perseguido é porque é um tributo injusto.
A Vovó Maria, preta velha, pede que conservemos em nosso coração sentimentos de amor, perdão e gratidão. Os espinhos da ingratidão ferem tanto quanto os espinhos da revolta. Que o perfume da amizade, da fé em Deus e do amor ao próximo nos ajudem a superar as agruras das provas terrenas.
Por outro lado, quando estamos na sorte, quando estamos fruindo júbilos, pensamos ser o resultado do próprio esforço; quando estamos desfrutando saúde, pensamos ser um privilegiado; quando estamos sorrindo venturas, achamos que concordamos com Deus; e se temos facilidades constantes, esquecemos a transitoriedade da vida.
A única ventura real que existe na Terra, a felicidade incorruptível que os bandidos não usurpam, e Deus valoriza, que o tempo não destrói, e os vermes não corroem (...) é a pureza da consciência, é a satisfação íntima por não havermos transgredido nenhum dos nossos deveres morais, sociais e espirituais.
Quando estamos na dor, choramos precipitados, queremos auxilio, exigimos lenitivos, clamamos por atenuantes e reclamamos que os espíritos puros ficam distantes de nós.
Não existe dor na alma humana que não proceda do próprio comportamento. A dor-ilusão vem do sofrimento físico, um fenômeno transitório; a dor realidade é sofrimento do espírito, da essência, impulsiona ao aperfeiçoamento e redenção; a alma sofre com qualquer tipo de dor, porque afeta a sensibilidade emocional.
Quando estamos no prazer não examinamos aos que tropeçam, não socorremos os que caíram, não defendemos os que foram perseguidos, não acudimos os pedidos de socorro. Esquecemos as sete obras de misericórdia espirituais: 1) Dar bons conselhos aos que pecam; 2) Ensinar os ignorantes; 3) Aconselhar os que duvidam; 4) Consolar os tristes; 5) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 6) Perdoar as injúrias por amor de Deus; e 7) Rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos.
Os numes tutelares, nossos protetores espirituais, eles sofrem conosco, porque nos distanciamos quando infligimos a eles as duras provas de nossas deserções.
As ações de proteção estão sempre ao nosso lado, mesmo que o primeiro tropeço eles não possam evitar. Eles levantaram barreiras em nosso favor, e rebentamos todas; adiaram a nossa queda, ajudando-nos, infatigavelmente, continuamente.
Joana de Ângelis nos estimula para que vençamos o nosso adversário oculto que reside na plataforma do Eu enfermo, combatendo-o aguerridamente com as armas superiores do amor e da perseverança.
Dificultamos a permanência da ajuda espiritual ao nosso lado com a desordem e falta de decoro na conduta. Esquecemos que há dois lobos lutando em nosso coração, um é o espírito e o outro é a carne, e quem vence é aquele que melhor é alimentado.
Temos diversas oportunidades de prestar socorro espiritual e assim pagar um tanto de nossos débitos, mas deixamos passar. As dores, as lágrimas que compartilhamos, ajudam no pagamento dos nossos débitos. Também deixamos passar os momentos de contentamento, de saúde, de juventude, e não fazemos o bem que é possível e necessário.
A ajuda espiritual sempre está à nossa disposição. Os bons espíritos insistem conosco através de mil lições racionais. Fala-nos pela intuição em linguagem muda e poderosa. Voluteiam em torno de nós procurando meios de ajudar. Fazem entrevistas conosco fora do corpo, nos momentos do sono. Eles oram, sofrem e choram por nós. Não os queremos ouvir. Trocamo-los pela volúpia agradável aos sentidos. Viajamos para longe do convívio deles.
Os espíritos bons não nos esqueceram, foram nós que os esquecemos. Embora vibratoriamente estejamos longe deles, eles continuam perto de nós... aguardando.
Agucemos a alma e ralemos nossas imperfeições, eles nos ouvirão.
Façamos como o filho pródigo, voltemos também ao recapitularmos as experiências e os erros do mundo dos prazeres. Reconheçamos o mundo espiritual onde o dever tem primazia sobre o prazer. Fiquemos humildes, para nos banhar de paz que os nossos abnegados amigos espirituais nos podem doar.