Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
27/08/2017 10h09
UM ESPÍRITA NO UMBRAL

            Para quem já tem um entendimento do mundo espiritual e procura seguir as lições do Mestre Jesus para ter uma boa evolução no sentido da perfeição, da aproximação com o Pai, pode agir com aparente sintonia com as lições do amor, caridade e fraternidade, mas intimamente pode ter problemas que nem a pessoa percebe. Este relato que recebi no whatsapp, da autoria de Hugo Lapa, e que reproduzirei abaixo, dar um bom exemplo disso.

            Um homem de 55 anos, espírita, sofreu um acidente e morreu de repente. Ele se viu saindo do corpo e chegando a um lugar escuro, feio, tétrico, com energias muito negativas.

            Assim que começou a caminhar por aquele vale sombrio, viu três espíritos vestidos com capa preta caminhando em sua direção. Assim que chegaram o homem perguntou:

            - Que lugar é esse?

            - Aqui é onde vocês espíritas chamam de umbral – disse um dos espíritos. O homem ficou chocado com aquela informação. Mal podia acreditar que estava no umbral. Considerou que talvez estivesse ali para participar de alguma atividade socorrista aos espíritos sofredores. O espírito negativo, que lia seus pensamentos, respondeu que não. Ele estava ali porque o umbral era a zona cósmica que mais guardava sintonia com suas energias.

            - Mas isso é impossível – disse o espírita em desespero. – Não posso estar no umbral. Deve haver algum erro... Em primeiro lugar eu sou espírita, faço parte dessa religião maravilhosa que é considerada o consolador prometido por Jesus. Realizo também projetos sociais de doação de sopa aos pobres. Ministro o passe magnético duas vezes por semana a uma multidão de pessoas lá no centro. Também ajudo financeiramente instituições de caridade muito necessitadas, além de dar palestras no centro para os iniciantes no Espiritismo. Definitivamente, há algo errado...

            Não há nenhum erro – disse o espírito das sombras. – Em seu atual estágio de evolução, você tem que ficar aqui mesmo. É verdade que você é espirita e faz parte dessa doutrina consoladora, mas intimamente você julgava pessoas de outras religiões, inferiores, por não serem espíritas. Sim, você realizava projetos sociais dando sopa aos pobres, mas em seus pensamentos sentia-se o máximo praticando a caridade e julgava que os pobres não eram tão evoluídos por estarem amargando a pobreza, quando na verdade muitos deles eram mais puros que você. Sim, você ministrava o passe, mas considerava que seu passe era mais “poderoso” e mais curador do que o passe de outros passistas. Sim, você ajudava financeiramente instituições de caridade, mas dentro de ti sempre dava o dinheiro esperando receber algo em troca e sentindo-se alguém muito “caridoso”. E finalmente... sim, você dava palestras aos iniciantes na doutrina, mas acreditava ter mais conhecimento do que eles e se colocava numa posição de destaque e vaidade intelectual. Tudo isso suscitando uma das maiores chagas da humanidade, o “orgulho” e a “vaidade”.

            O homem ficou impressionado com as revelações daquele espírito. De fato, revendo suas atitudes e sua perspectiva, intimamente, havia quase sempre um sentimento de superioridade, de orgulho em relação aos outros, diante de tudo o que foi feito.

            O espírita então olhou para dentro de si e começou a se arrepender de tudo aquilo, reconhecendo seu erro e sentindo-se mais humilde. Nesse momento, ele sentiu uma luz brilhando dentro dele e começou a se elevar. Ao perceber que estava se elevando e deixando o umbral, avistou outros espíritos ainda presos à condição umbralinas e novamente lhe veio um orgulho e uma sensação de superioridade em relação aos mesmos. Após sentir isso caiu novamente no umbral, e a queda dessa vez foi ainda mais dolorosa. Um dos espíritos trevosos disse:

            - Você caiu novamente porque, no momento em que se elevava, começou a sentir uma certa superioridade em relação aos espíritos que aqui estavam, suscitando mais uma vez uma condição de orgulho. Além disso, “a quem muito foi dado, muito será exigido, e a quem muito foi confiado, muito será pedido.” (Lucas 12:48).

            O homem ficou muito triste com tudo aquilo. Entrou dentro de si mesmo e com toda a sinceridade pensou: sim, é isso mesmo. Eu fui uma pessoa arrogante por ser espírita e por tudo o que eu fazia. Esse orgulho neutralizou todo o mérito de minhas ações. Mas tudo bem, eu mereço estar aqui no umbral. Vou ficar por aqui mesmo, quem sabe eu aprendo alguma coisa. Não me importo mais comigo e entrego minha vida a Deus... Como disse Jesus, “que seja feita a vontade de Deus e não a minha”.

             O homem caiu no chão e apenas se entregou a Deus com fé. Nesse momento, não tinha mais nenhum sentimento de auto importância. Fechou os olhos e deixou tudo fluir...

            Nesse momento, seu corpo começou a se tornar um corpo de luz e, sem nem perceber, começou a se elevar novamente. Assim que chegou a uma zona mais elevada, abriu os olhos e, para sua surpresa, havia se libertado do umbral. Dessa vez nem percebeu que estava se elevando e se libertando.

            Um dos espíritos trevosos estava esperando por ele nesse plano mais elevado. Tirou a capa preta e uma luz maravilhosa começou a brilhar. O espírita percebeu que esse espírito não era negativo, mas um espírito de luz que o estava ajudando desde o início. O espírito disse:

            - Tua renúncia de ti mesmo no último momento te salvou do umbral. Que tudo isso sirva de lição para você, meu filho. Toda essa experiência que você passou serve para os membros de qualquer religião. E não se esqueça jamais do que disse Jesus:

            “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita.” (Mateus 6:3)

            Muito bom este relato, mostra a sutileza do nosso comportamento ligado ao egoísmo, mesmo que não percebamos assim e que estamos fazendo todas as lições do Cristo com a máxima de coerência. É importante estarmos sempre a vigiar por onde vão os nosso pensamentos mais íntimos quando estamos a praticar a caridade.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/08/2017 às 10h09