Muitos vivem dentro de um enclausuramento mental, voltados para seus problemas, alimentando os sofrimentos criados nas sombras mentais das culpas e arrependimentos; não conseguem ver, ou não tem interesse em voltar os olhos ao redor, para o trabalho socorrista que espera por braços que trabalhem em favor dos outros.
A vida flui, e leva consigo tanto as pessoas próximas ou distantes, como nós... elas passam pela vida entre soluções e provações a que desde cedo estão vinculados, e nós raciocinamos que essas pessoas já estão acostumadas a sofrer desde a tenra infância, não tem porque ficarmos preocupados por elas. Nós ficamos somente preocupados com nossas dores que classificamos como insuportáveis.
E onde está a misericórdia e a justiça divina dentro deste quadro tão amplo de sofrimentos, internos e externos? Podemos indagar muitas vezes... onde está a justiça divina? Não a reconhecemos ao nosso lado! Todos que sofrem de alguma forma, seja um pai velho e abandonado, sejam crianças, órfãs e desamparadas pelas ruas, sejam os aflitos que sofrem dores morais, decepções, tristezas, angústias... todos estão pagando por seus erros à justiça divina, que permite a reencarnação em tal ou qual situação expiatória. E onde está a misericórdia divina? Está em nossas mãos, que mesmo padecendo e pagando por nossos próprios erros, temos também a oportunidade de ajudar o próximo, e assim corrigirmos com mais rapidez o que precisamos fazer.
Todos que estamos aqui neste planeta de provas e expiações, certamente algo teremos que pagar, e daí vem as provações que teremos que passar, as nossas provações, sem esquecer que as outras pessoas também passam por provações que podemos amenizar, e fazendo assim amenizamos as nossas próprias provações, ajudando os outros, observando que há fome de amor perto do nosso leito de queixas. Levantemos da inércia psicológica e comportamental, e acionemos a máquina da beneficência! Sigamos o conselho de Madre Tereza de Calcutá, que dizia: “temos de ir à procura das pessoas que podem ter fome de pão ou de amizade”.
Podemos ser raios de sol com as coisas muito simples, como uma palavra de acolhida fraternal a alguém que procura por uma ajuda em qualquer local, público ou privado, nas instituições ou nas ruas; ou com o simples freio comportamental, de evitar uma reprimenda ao próximo, perto ou longe da pessoa acusada, quer seja por usar drogas, roupas decotadas, adornos exagerados, etc.
Somos todos imperfeitos, na luta para seguirmos em direção à luz. Quantos bens se demoram encurralados dentro de nossas mãos, e quantas oportunidades deixamos passar, deixamos de ser produtivos e fraternos? Devemos acompanhar a viagem da semente em transformações incessantes até uma nova semente seja germinada, seja no reino vegetal literalmente, seja dentro da humanidade, metaforicamente.
Não podemos esquecer da importante parábola do Mestre Jesus, que falava dos talentos. Exemplificava com essa mensagem educativa, que não podemos deixar nossos talentos, nossos recursos enterrados, sem produtividade. Temos que fazê-los reproduzir com ética e generosidade dentro dos relacionamentos humanos. O dinheiro não pode ficar ocioso!
Devemos aplicar o minuto do repouso desnecessário edificando algo bom em alguém ou para alguém, e as noites de desassossego brilharão com os lampejos das estrelas dos nossos esforços, clareando caminhos, por mínimo que aparentemente sejam. Muitas dores são filhas da ociosidade.
As vidas que se voltam para si mesmo, podem se apresentar como colunas belas e decoradas, mas sem base nem utilidade. São dispensáveis e frágeis... São vidas vazias!
É chegado o momento que Jesus recolhe os corações fecundados pela luz do seu evangelho, para a lavoura do Amor. Os corações que escaparam das pedras do caminho, das aves de rapina, dos espinheiros... são os corações que já começam a dar os seus frutos, pois para quem ama sempre está fazendo sol.