Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/10/2017 23h59
SABEDORIA BUDISTA

            Encontrei na net enviado pelo site consciencial um texto assinado por Matt Valentine que fala em “12 joias da sabedoria budista que transformarão sua vida”, defendido ser um tesouro de sabedoria facilmente aplicável na vida cotidiana de pessoas de diversas origens, crenças e preferências. O leitor que me acompanha regularmente, poderia imaginar que após a oração do mês que fiz ontem, onde peço a Deus com prioridade que Ele me dê sabedoria, eu tenha ido em busca de tal. Mas confesso, não tinha nenhuma intenção de ir buscar textos sobre sabedoria em qualquer fonte.

            Eu já tinha visto o texto que menciono e o guardado para ser divulgado aqui. Tal não foi a minha surpresa ao notar que ele estava se encaixando justamente abaixo do texto de ontem. “Caiu a ficha”! percebi que Deus mais uma vez estava me dando antes mesmo de eu pedir. Portanto, eis o texto que não posso deixar de reproduzir aqui com essas observações iniciais.

            “Quando eu era pequeno, minha avó tinha uma pequena estátua verde do Buda. Não era uma estátua do Buda original, mas um daquele que é considerado Maitreya, o Buda “futuro”, em geral representado como um homem gorducho sentado, com se robe parcialmente aberto e frequentemente com miçangas no pescoço. Essa estátua, em particular, é uma imagem muito comum, com uma barriga protuberante revelando o umbigo.

            Minha avó sempre me dizia, “esfregue a barriga dele e você terá boa sorte!” Então, naturalmente, como criança, eu esfregava sua barriga sempre que podia. Era para esfregar especialmente seu umbigo, e me lembro de colocar meu dedo em seu pequeno umbigo e esfrega-lo fazendo um círculo ao seu redor, apesar do fato de que seu umbigo ter o diâmetro de uma fração de milímetro.

            Eu, como muitos outros ocidentais, cresci com uma imagem bem distorcida do budismo. Eu pensava que Buda era um deus, e que o budismo era apenas um monte de feitiços e superstições para quem estivesse tentando acumular riquezas e outras buscas equivocadas. E eu achava que a meditação era só para as pessoas que estavam interessadas em aprender levitação ou algo louco assim.

            Mas assim como muitos outros ocidentais, eu tinha lido muitas citações inspiradoras e provérbios sábios de Buda que pareciam me “atrair”, e que quase sempre soavam aquela campainha na cabeça tipo “Perfeito!” ou “Isso é tão verdadeiro!”.

            É por causa disso que, apesar de todos os meus preconceitos, permaneci interessado no budismo enquanto crescia, até um dia em que peguei um livro pra valer, parei de aderir aos preconceitos coletivos da consciência ocidental e comecei a aprender a partir da fonte verdadeira.

            O budismo guarda em si um tesouro de sabedoria, sem mencionar a sabedoria facilmente aplicável na vida cotidiana de pessoas de diversas origens, crenças e preferências.

            Thich Nhat Hanh disse que “o budismo é todo composto de elementos não-budistas”. E isso não poderia ser mais verdadeiro. Basicamente, o budismo é realmente apenas uma coleção de métodos e práticas para percebermos as realidades fundamentais desta vida e o caminho para a verdadeira paz e felicidade.

            Seja você budista, um colecionador de verdades universais ou só alguém interessado em encontrar meios práticos de melhorar sua vida, esta lista apresenta 12 poderosas e potencialmente transformadoras joias da sabedoria budista das quais você pode se beneficiar.

            A Sabedoria Budista

  1. Viva com compaixão. Compaixão é uma das qualidades mais reverenciadas no budismo, e ter grande compaixão é um sinal de um ser humano altamente realizado. Compaixão não apenas ajuda ao mundo em geral, e não tem a ver apenas com o fato de que isso é a coisa certa a fazer. Compaixão é buscar compreender aqueles que estão ao seu redor, pode transformar sua vida por várias razões. Em primeiro lugar, autocompaixão é um elemento crítico para você ficar em paz consigo mesmo. Ao aprender a perdoar a si mesmo e aceitar que você é humano, você pode curar feridas profundas e se recuperar de tempos difíceis. Em segundo lugar, nós podemos frequentemente nos torturar devido ao fato de que não compreendemos completamente o porquê de as pessoas fazerem certas coisas. Compaixão é compreender a bondade fundamental que há em todas as pessoas, e então tentar descobrir essa bondade fundamental em uma pessoa específica. Por causa disso, a compaixão ajuda você a superar a frequente angústia que experimentamos por não compreendermos as ações dos outros. Mas além disso, expressar compaixão é a genuína forma de se conectar aos outros com todo o seu coração, e o simples ato de se conectar dessa forma pode ser uma grande fonte de alegria para todos nós. As razões para praticar a compaixão são numerosas e poderosas. Busque viver de um modo no qual você trata todos que conhece como você trataria a si mesmo. Quando você começa a agir assim, isso parece ser totalmente impossível. Mas persevere e você sentirá todo o poder de viver com compaixão.
  2. Conecte-se com os outros e nutra essa conexão. No budismo, uma comunidade de praticantes é chamada de “sanga”. Uma sanga é uma comunidade de monges, monjas, homens e mulheres leigas que praticam juntos e em paz buscando a meta conjunta de realizar um maior despertar, não apenas para eles próprios, mas para todos os seres. A sanga é um conjunto que pode beneficiar em muito o nosso mundo. As pessoas se reúnem em grupos todo o tempo, mas em geral é com o propósito de criar uma riqueza monetária ou obter poder substancial, e raramente com o fim coletivo de atingir paz, felicidade e conquistar maior sabedoria. O conceito da sanga pode ser aplicado em sua vida de diversas formas. A sanga é em última instância apenas uma forma de enxergar a vida através das manifestações individuais da totalidade. Vivendo de uma forma em que você está plenamente consciente do poder de se conectar com outros, seja com uma só pessoa ou com um grupo de cem pessoas, você pode transformar sua vida de maneiras que multiplicarão dividendos por anos no futuro.
  3. Desperte. Um dos mais poderosos itens desta lista, o poder que vem de simplesmente viver de um modo em que você está completamente desperto para cada momento de sua vida não pode ser exagerada por mais que eu tente. Atenção plena, maior consciência, estar totalmente atento, chame do que quiser, isso muda cada faceta da sua vida de todas as formas. É simples assim. Esforce-se para viver plenamente desperto em cada instante de sua vida diária e você vencerá suas maiores batalhas pessoais, encontrará uma sensação enorme de paz e alegria e descobrirá as maiores lições que a vida pode lhe ensinar, tudo como resultado de estar totalmente atento ao presente momento.
  4. Viva profundamente. Viver profundamente, de um modo que você se torne plenamente consciente da preciosa natureza da vida, é começar a trilhar o caminho da verdadeira paz e felicidade. Por que? Porque viver desse jeito é gradualmente se tornar consciente da real natureza do mundo. Isso acontecerá essencialmente em “partes” do todo, tal como perceber sua interconexividade (você começa a ver como tudo está conectado a tudo o mais) e impermanência (você começa a ver como tudo está sempre mudando, constantemente morrendo apenas para renascer de outra forma). Essas percepções são o feijão com arroz do budismo e de toda prática espiritual. Essas “partes do todo” são fragmentos do despertar definitivo, formas de compreendermos o que não pode ser completamente compreendido em um sentido tradicional. Ao viver de um modo em que você busca perceber essas várias “qualidades da realidade última” você encontrará uma paz cada vez maior ao se conscientizar do natural caminho das coisas. Isso cultiva em nós a habilidade de saborear cada momento da vida, de achar paz mesmo nas atividades mais mundanas, assim como a habilidade de transformar nossas experiências negativas em algo ao mesmo tempo fortalecedor e curador.
  5. Mude a si mesmo, mude o mundo. Os budistas compreendem que você dificilmente pode ajudar os outros antes de ajudar a si mesmo. Mas isso não tem a ver com você ganhando poder ou riqueza antes de ajudar os outros, ou vivendo de uma forma em que pode ignorar os outros. Isso tem a ver principalmente com o fato de que estamos todos interconectados, de forma que ao ajudar a si mesmo você cria um exponencial afeito positivo no resto do mundo. Se você quer causar impacto no mundo, não se convença facilmente de que é “você ou eles”. Você não precisa se arrastar na lama para ajudar aqueles ao seu redor. Se ficar isso, dificultará e muito sua habilidade de criar impacto positivo. No nível mais profundo de entendimento, ao ajudar a si mesmo você ajuda a todos os outros porque não há uma separação entre “você” e “os outros”. Cuide de si mesmo e busque ser mais do que apenas uma ajuda: seja também um exemplo a seguir de como viver pelos outros. Dessa forma você criará ondas de exponencial possibilidade que inspirarão outras pessoas a fazer o mesmo.
  6. Aceite a morte. A morte é em geral um tabu na sociedade ocidental. Nós fazemos tudo o que podemos não apenas para evitar o tema, mas para fingirmos que ela sequer existe. Mas a verdade é que agir assim é algo desafortunado e de forma alguma nos faz ter vidas melhores. Tornar-se plenamente consciente de sua impermanência e compreender perfeitamente a natureza da morte e a sua relação com a interconectividade são duas coisas que nos ajudam a encontrar uma grande paz. No budismo, os estudantes de várias linhagens em um ou outro momento “meditam sobre o cadáver” (uma prática que se diz ter origem que remonta à época em que Buda estava vivo). Isso é exatamente o que parece. Eles meditam sobre a imagem de um cadáver lentamente se decompondo e imaginam o processo até o final, eventualmente resultando em uma profunda e plena percepção da verdadeira natureza da morte. Isso pode soar um pouco exagerado, mas a verdade é que se você vive sua vida inteira agindo como se você nunca fosse morrer ou ignorando sua própria impermanência, então você nunca será capaz de encontrar verdadeira paz em seu interior. Você não tem que necessariamente meditar sobre a imagem de um cadáver, mas simplesmente se abrir para a ideia da morte de modo que você não evite mais pensar a respeito dela (algo que você pode fazer inconscientemente, como a maioria de nós fazemos no ocidente) pode tornar-se uma grande fonte de paz, e ajudará você a apreciar muitas das alegrias da sua vida cotidiana. Uma verdadeira apreciação da vida nunca pode ser completamente atingida até você começar olhar de frente para sua própria impermanência. Mas uma vez em que fizer isso, o mundo se abrirá de uma forma nova e profunda.
  7. Sua comida é (muito) especial. A prática meditativa oferece a habilidade de transformar cada uma de nossas experiências na vida cotidiana, o que trato no meu livro Zen para a Vida Cotidiana, e a alimentação é uma dessas experiências diárias que é significativamente transformada, frequentemente de forma interessante e gratificante. A prática meditativa budista, particularmente a atenção plena e a contemplação, ajudam você a perceber a preciosa natureza da comida na sua mesa. De fato, como a alimentação desempenha um papel importante em nossas vidas, transformar nossa relação com a alimentação é transformar um aspecto chave de toda a nossa vida, tanto presente quanto futura. Ao contemplar a comida diante de nós, por exemplo, podemos perceber o vasto sistema de interconectividade que é nossa vida, e como nossa alimentação depende de numerosos fatores para transformar-se em nosso prato de jantar. Isso nos ajuda a aprofundar nossa relação com a alimentação, cultivando profundo sentimento de gratidão diante de cada refeição, e aprendendo a respeitar o delicado e premente equilíbrio que é a vida.
  8. Compreenda a natureza do doar-se. Doar-se é mais do que o ato de presentear no Natal ou fazer doações aos necessitados, é também o ato de doar os presentes que distribuímos a cada dia e que não vemos usualmente como presentes no fim das contas. Os budistas possuem uma profunda compreensão da natureza da doação, principalmente no sentido de que a vida é um constante jogo entre o ato de doar e de receber. Isso não só nos ajuda a encontrar a paz ao compreendermos o mundo ao nosso redor, mas também nos ajuda a perceber os incríveis presentes que todos temos dentro de nós e que podemos dar aos outros a cada momento, tais como compaixão e presença.
  9. Trabalhe para desarmar o ego. A forma mais fácil de resumir todas as práticas “espirituais” é esta: espiritualidade é o ato de perceber a natureza da realidade fundamental ou da essência do ser, e como resultado disso a prática espiritual é o ato de superar os obstáculos que nos impedem de ter essa percepção. E qual o primeiro obstáculo no nosso caminho? O ego. Para ser direto e claro, a razão pela qual o ego é o principal obstáculo na prática espiritual, ou simplesmente para a prática de encontrar a paz e felicidade verdadeiras (seja como for que você decida chamar, é tudo a mesma coisa), é porque sua função principal é afastar você da essência do seu ser, convencendo você de que você é um eu separado dos demais. O processo de desarmar o ego pode levar tempo, e é algo que persiste com a gente, entrelaçado com a gente, por anos. Mas é infinitamente recompensador e ao mesmo tempo necessário, se queremos viver da melhor maneira possível.
  10. Remova os 3 venenos. A vida é cheia de vícios, coisas que tentam nos prender de forma prejudicial e que portanto nos impedem de cultivar a paz, a alegria e as maiores realizações de nossas vidas. entre eles, os 3 venenos são alguns dos mais poderosos. Os 3 venenos são: apego, ódio e ignorância. Juntos, esses 3 venenos são responsáveis pela maior parte do sofrimento que vivenciamos coletivamente. É perfeitamente normal ser afetado por esses venenos ao longo da vida, então não se culpe por se deixar levar por eles. Ao invés disso, simplesmente aceite que eles são algo que você vivencia e comece a trabalhar para removê-los da sua vida. Isso pode levar tempo, mas é um aspecto central no caminho para conquistar verdadeira paz e felicidade.
  11. Viva corretamente. Todos nós deveríamos nos esforçar e viver nossas vidas de um modo que seja mais “consciente” ou atento. Essa ideia em geral significa não se envolver com coisas prejudiciais como armas, drogas e atividades que machucam outras pessoas, mas na verdade é mais profundo do que isso. Há dois aspectos principais nisso: conduza sua vida fazendo coisas que não inibam sua habilidade de conquistar a paz, e conduza sua vida fazendo coisas que não inibam a habilidade de outras pessoas conquistarem a paz. Enfrentar esse desafio pode levar algumas pessoas a situações interessantes, e como Thich Nhat Hanh diz, esse é um esforço coletivo mais do que que um esforço individual (o açougueiro não é um açougueiro apenas porque decidiu ser, mas porque há uma demanda por carne que precisa se empacotada e tornar-se disponível para ser comprada nos supermercados), mas você deve tentar o seu melhor. Seguir esse ensinamento de viver corretamente pode ajudar você a perceber o efeito prejudicial de que o seu próprio trabalho está produzindo em você mesmo, e isso o conduzirá a uma solução que pode resultar em uma mudança tremendamente positiva em sua vida, como um todo. Mas só você pode decidir se uma mudança precisa acontecer. Qualquer que seja o caso, tente o quanto possível viver por meio de uma atividade que promova a paz e a felicidade para você e para aqueles que estão ao seu redor.
  12. Vivenciei o desapego. Esse é um ponto difícil de colocar em poucas palavras, mas é algo profundo que sinto ser imensamente benéfico mencionar de qualquer forma. Vivenciar o desapego em um sentido budista não significa abandonar seus amigos e família e viver sozinho pelo resto de sua vida, vivendo de maneira que você não se apegue a nenhum desses vínculos. O desapego significa viver de uma forma em que você existe no fluxo natural da vida, em geral vivendo a típica vida moderna, construindo uma família, seguindo uma carreira, etc., enquanto ao mesmo tempo não está apegado a nenhuma dessas coisas. Simplesmente significa viver de um modo em que você está atento e aceita a impermanência de todas as coisas da vida e está sempre consciente desse fato. É perfeitamente normal para estudantes do Zen no Japão, uma vez concluído o seu treinamento, que troquem suas vestimentas e “voltem ao mundo”, por assim dizer. E isso ocorre porque, quando atingiram esse nível de consciência, percebem a beleza de todas as coisas e são compelidos a viver totalmente integrados a todas as belezas e maravilhas desta vida. A partir desse ponto, eles podem realmente “viver plenamente”, ao mesmo tempo em que não se apegam a nenhuma dessas coisas. Mantenha em mente que isso não significa parar de ter emoções. Ao contrário, essas emoções são bem-vindas e esperadas, e são plenamente experienciadas com atenção plena no momento do seu impacto. Mas esse é simplesmente o curso natural das coisas. Uma vez que essas emoções passam, porém, e quando não temos formações ou obstruções mentais para bloquear nosso caminho, um processo natural de cura passa a atuar, curando as feridas e permitindo que continuemos a viver em paz e alegria, ao invés de nos deixar arrastar para a escuridão.

Esforce-se para viver de modo livre, totalmente atento às maravilhas da vida e bem no meio dessas maravilhas, ao mesmo tempo em que se não apega a nenhuma delas. Fazer isso é vivenciar a maior alegria que a vida tem a nos oferecer.”

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/10/2017 às 23h59