Estamos vivendo num planeta considerado hospital-escola, onde só chega quem tem algum compromisso ou resgate a fazer devido os erros que nossa ignorância nos induz. Nesse sentido, a reforma íntima é um trabalho que devemos fazer no cotidiano para burilar as nossas imperfeições. Mas, o que é a reforma íntima? É um processo de contínuo autoconhecimento, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, modelando-nos progressivamente na vivência evangélica, em todos os sentidos da nossa existência. É a transformação do homem velho, carregado de tendências e erros seculares, no homem novo, atuante na implantação dos ensinamentos do divino Mestre, dentro e fora de si.
Temos oportunidades constantes de realizar nossos compromissos ou pagar nosso resgate. A cada dia que acordamos é uma nova vida à nossa disposição para corrigir os erros do dia anterior. Passamos mas tempo em vigília, comparado ao tempo que ficamos dormindo. E o sono é como uma morte aparente da qual saímos na manhã do dia seguinte sabendo o que sucedeu no dia anterior e nos demais dias. Assim, são diversas oportunidades que temos na mesma vivência para corrigir nossos erros e praticar a reforma intima.
Por outro lado, uma só vivência não é suficiente para purificar o nosso espírito e deixa-lo pronto para os mundos angelicais. Temos que voltar diversas vezes no processo de reencarnação. Nesse contexto, o ciclo morte-vida se parece muito com o ciclo sono-vigília. Neste último ciclo o processo de despertar que leva a vigília corresponde ao domínio da consciência pelo espírito; no ciclo morte-vida é o processo de falecimento do corpo físico que leva o espírito ao mundo astral e à consciência de todas suas vivências.
Dessa forma estamos sempre com várias oportunidades de aprendizagem com os erros que cometemos, tanto nos dias que correspondem a uma só vivência, como as diversas vivências que assumimos nos caminhos da vida. Se hoje erramos, amanhã já podemos contar com mais esta experiência, e certamente já seremos mais sábios do que ontem. À medida que o espírito evolui e ganha níveis mais elevados de consciência ele passa a ter mais liberdade de escolha das suas missões de vida e do momento da encarnação.
Podemos fazer agora uma síntese da evolução que ocorre nos dois planos, material e espiritual. No plano material vamos observar a formação dos mundos, a organização dos planetas, a origem da vida nos oceanos primitivos, os seres unicelulares, pluricelulares, mamíferos, primatas até chegar ao homem onde o cérebro mais desenvolvido pode fazer a cognição dos valores morais.
No plano espiritual, vamos observar o princípio espiritual criado por Deus, evoluindo associado ao princípio material e passando por todas as etapas da evolução da vida biológica até o espírito ter condições de administrar o cérebro humano e imprimir no seu comportamento os valores morais como o Cristo nos ensinou.
Portanto, não deixemos os nossos erros amontoados no nosso psiquismo sem passar pelo esforço de transformação, pois senão, ficará imprestável e miasmático como o lixão que deixamos jogado e servindo de pasto e residência para as moscas e vermes.
Reconheçamos que sofrimento existe em qualquer lugar, mas também conosco. Devemos nos corrigir agora e nos ajustar de imediato à vontade de Deus. Amanhã, o calor e luz do sol será o mesmo, mas as pessoas, as circunstâncias e nós mesmos seremos diferentes.
Observemos ao redor e veremos que tudo na Natureza se processa através de ciclos, como o ciclo da água, o ciclo da formação da criança dentro do útero e até o ciclo da formação de planetas e galáxias dentro do Universo. Assim também somos nós; na vivencia atual passamos pelos ciclos educativos nas escolas tradicionais até adquirirmos uma profissão e atuarmos com nossa consciência amadurecida dentro da comunidade; da mesma forma o nosso espírito está evoluindo dentro do seu ciclo, de sair do mineral e alcançar o instinto, passar pela inteligência até alcançar o raciocínio moral e angelical.
Qualquer desequilíbrio que acontecer em nossa trajetória leva ao caos em nossas vidas. Devemos ficar atento, pois uma peça gasta exige substituição, um equívoco constatado pede reparação, a ordem que não é considerada é passível de punição, uma ferramenta sem uso perde a eficiência, mas também o uso excessivo gasta a precisão.
O progresso de cada um depende da colaboração de todos, e a oportunidade do retorno se presta a recomposição daquilo que deixamos mal feitos ou não fizemos, pois, se equivaler a um crime, a sua punição já nos serve como corretivo.
É importante que possamos interiorizar o compromisso de não repetir os enganos, não reincidir na criminalidade, despertar para a existência superior e examinar com cuidado o que pretendemos, como fazer e até onde podemos ir.
São três as bases para esse compromisso: seriedade, responsabilidade e fidelidade.
O interesse em solucionar os graves problemas que nos angustiam é o que deve nos motivar para avançar decidido apagando o passado de sombras com o claro sol da verdade que o Mestre nos ensinou.