Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
30/10/2017 11h37
SOLDADO DO CRISTO

            Este termo, soldado, parece relacionado com a Justiça conduzida pelo Arcanjo Miguel, em comparação com a Misericórdia conduzida pelo próprio Jesus. Mas, no início do cristianismo, esse termo, soldado, podia ser também associado à misericórdia, pois dizia respeito as primeiras pessoas que aceitavam as lições do Mestre e se conduziam como soldados no momento de confirmar a sua fé, mesmo que sofresse os piores suplícios. Tinham consciência de que, para ajudar a humanidade, não podiam simplesmente ficar orando. Existiam companheiros admiráveis estacionados no deserto. Organizavam pousos solitários, desfiguravam-se atormentavam-se e criam auxiliar, por esse modo, a obra de redenção humana. Imaginavam que, se tivessem de procurar a tranquilidade própria, a fim de servir ao Cristo, por que motivo Jesus teria vindo até nós, partilhando conosco o pão da vida? Em que luta condecorar-se-á o soldado que desiste de combater? Em que país haverá colheita valiosa para o lavrador que nada mais faz que contemplar a terra, a pretexto de amá-la? Como semear o trigo, sem contato com o solo? Como plantar o bem, entre as criaturas, sem suportar o assédio da miséria e da ignorância? Não podemos admitir salvação sem a intimidade daquele que salva com aquele que se encontra desviado ou perdido.

            Não podemos concordar com o pecado e nem permitir que as almas desprevenidas dele se aproximem.

            Hoje nem ontem, não nos cabe o direito de interferir na resolução dos que buscam a solidão, contudo, creio não devamos incentivar o movimento que podemos classificar por deserção da lide cristã. Estamos numa guerra de ideias. O primeiro legionário que tombou, em holocausto à libertação do espírito humano, foi o próprio Mestre, nosso comandante divino. Desde a cruz do Calvário, nossos companheiros, em vasta frente de valoroso testemunho, sofrem o martirológio da fé viva.

            Nos primeiros anos os soldados do Cristo foram pasto das feras e objeto desprezível nos divertimentos públicos. Homens e mulheres, velhos e crianças eram levados às arenas e cárceres, postes e fogueiras, revelando o heroísmo da confiança num mundo melhor. Não é lícito trair-lhes a memória.

            Os adversários do cristianismo nos acusam de amargurados portadores da indiferença pela vida, mas é que ignoram a lição do Benfeitor celeste que nos indicou no serviço da fraternidade a fonte do verdadeiro bem e da perfeita alegria.

            Urge, assim, não nos afastemos do trabalho e da luta. Há construções no plano do espírito, como existem no campo da matéria. A vitória do cristianismo com a livre manifestação do nosso pensamento, é obra que nos compete concretizar.

            Não nos cabe esquecer a produção de benefícios para o mundo. Existe terra e tantos outros dispositivos, disponíveis sob a responsabilidade de vários irmãos. O arado não mente. Os grãos respondem com fidelidade ao nosso esforço. Podemos trabalhar. Não devemos recorrer ao concurso alheio, senão em circunstâncias especiais. Não seria aconselhável manter a comunidade improdutiva. Cabeça vaga é furna de tentações. Devemos crer na possibilidade de auxiliar a todos, por meio do esforço bem dirigido. O serviço de cada dia é o recurso de que dispomos para testemunhar o desempenho dos nossos deveres, diante dos que nos acompanham de perto, e o trabalho espontâneo no bem é o meio que o Senhor colocou ao nosso alcance, a fim de que sirvamos à humanidade, com ela crescendo para a Glória divina.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/10/2017 às 11h37