Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
21/11/2017 11h13
TOQUE DE DEUS

            Deus toca o nosso coração de diversas formas, contextos, momentos... sinto que Ele tocou o meu coração hoje durante o sono, através do sonho.

             O sonho estava se desenvolvendo com as pessoas da Praia do Meio, principalmente as meninas desamparadas que se envolvem na prostituição e que se tornam mães precocemente. Uma delas, a que me chamou mais a atenção, tinha 14 anos e dizia já ter 4 filhos. O instinto sexual motivava uma aproximação de conteúdo íntimo, a intuição espiritual apontava uma ação solidária, sem envolvimento sexual, mesmo que isso, o sexo, não tivesse a característica de tabu. Pude observar algumas alopecias circunscritas em sua cabeça, disfarçada no meio de seus cabelos e avaliei que as doenças físicas visíveis poderiam ser apenas a ponta de um iceberg de transtornos físicos, mas principalmente emocionais, naquela alma que apenas começava a dirigir o seu corpo, porém, com tantas dificuldades.

            Mas o momento mais impactante do sonho foi quando encontrei a minha mãe. Eu estava querendo entrar na casa dos meus irmãos, cheguei a gritar por alguém que viesse abrir a porta, mas devido a distância, era muito difícil que alguém pudesse me ouvir. Foi quando vi minha mãe se aproximar, parecia que tinha ido comprar pães e voltava para casa. Aproximei-me dela com carinho e beijei o seu rosto. Notei um sorriso melancólico em sua face, ela abriu a porta e desceu uma espécie de escadaria que dava acesso à casa. Não notei nela nenhuma alegria característica de sua alma.

            Ao acordar tentei interpretar este sonho. Parece que foi um aviso para que eu me preocupe com mais foco na comunidade, principalmente com as meninas que correm risco de drogas e prostituição, ou que já estejam dentro dessa condição. Sei que essa ação está dentro de meus projetos na Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM), mas que não tive oportunidade ainda de dar início. Já fiquei tentado em algumas ocasiões a dar esse início, mas a ideia não foi para frente. Será que o aviso foi para aproveitar o evento de fim de ano com esse objetivo?

            O segundo aspecto do sonho e que tocou o meu coração, que entendo como o dedo de Deus apontando para mim, tocando e chamando minha atenção, foi o seguinte. A melancolia no rosto de minha mãe talvez tenha este sentido, de mostrar a insatisfação de Deus com minha ação até o momento, no caminho que Ele colocou à minha disposição. A descida de minha mãe pela escadaria e eu acompanhando os seus passos, mostra que a minha casa original está localizada no umbral físico da Terra, onde tantas almas sofrem à espera de uma ajuda efetiva para atingir as suas consciências e motivar as suas ações, orientadas pelo Evangelho do Mestre. Mesmo que eu esteja atuando atualmente num plano mais elevado, dentro de uma academia com títulos e cargos nobres, eu pertenço à comunidade dos deserdados da sorte, dos espíritos devedores à Justiça divina. Foi aí que eu nasci, foi ai que eu me desenvolvi... até longe da minha mãe, que por motivos de sobrevivência, teve que aceitar eu ser criado e educado por minha avó, sem o apoio do pai biológico, com a necessidade de trabalhar duro para contribuir com a subsistência, cujos farelos de recursos materiais, aqui e acolá eram aproveitados por minha mãe e meus irmãos.

            Enquanto minha mãe estava entre nós no mundo físico, sempre teve confiança nas minhas ações fraternas, e acredito que não a decepcionei. Mas parece que hoje, estando ela no mundo espiritual, não está muito satisfeita com o que estou fazendo... será porque não dou muita atenção ao meu irmão que está passando por dificuldades na saúde física, gerada por seus vícios que não consegui abortar, apesar de todos os esforços que fiz? Mas, acredito que não. Pois nesse caso eu sigo as orientações do Mestre, deixo aquele que não quer seguir as Suas orientações feitas através de mim, e vou em busca de outros necessitados que possam responder melhor ao que posso oferecer. Acredito que esse comportamento, essa forma de agir, esteja mais coerente com o Evangelho e com a formação do Reino de Deus, da família universal; não ficar preso a uma pessoa que não quer se recuperar por ser membro da minha família, e deixar de levar a oportunidade a outro que não pertence a minha família biológica, mas pertence a minha família espiritual, universal.  

            Não sei bem, ainda, onde está essa insatisfação de Deus para comigo. Tenho uma mera sensação que seja isso, de não ter ainda feito um foco mais intenso no trabalho comunitário, mas deixarei para consolidar essa opinião com novas reflexões que irão surgir, e com certeza, com as intuições divinas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/11/2017 às 11h13