Somos todos transeuntes pelas estradas da vida. Cada um com seu destino, suas metas, dores, alegrias e relacionamentos. Costumamos olhar ao lado e avaliar que a vida que o outro leva é melhor, tem mais glamour que a nossa. Mesmo no ambiente de espiritualidade racionalizada, que pretende aplicar o cristianismo redivivo, como nos Centros Espíritas, muitas vezes desejamos ser como aquele orador que é tão festejado com aplausos; ou como aqueles que escrevem e geram admiração que fascina. Chegamos a sentir inveja do médium que recupera a saúde do próximo com os seus passes magnéticos, ou até quando dar uma orientação segura, no diálogo fraterno, aquelas mentes tumultuadas. Pensamos algumas vezes que gostaríamos de ter a capacidade de ver o mundo espiritual ou ter capacidade de materializar espíritos desencarnados como alguns médiuns demonstram.
No entanto, ao invés disso, somos decepcionados por nossa pequena capacidade mediúnica e chegamos até a ficar confusos. As entidades que porventura usam nossos recursos são sempre tão doentes quanto nós. Chegam, e nada dizem de original, falam apenas do trivial, sem palavras candentes, sem páginas brilhantes, sem recuperações orgânicas milagrosas, sem informações retumbantes, sem visões celestes e sem ectoplasmias atraentes. Mas, eles deixam uma lição que muitas vezes passa despercebida: a necessidade de renovação e trabalho.
Como estudantes do Evangelho, sabemos que possuímos a centelha de Luz do Criador, mas como fazer para difundi-la? A mediunidade deslumbrante nos deixa com essa parcela de inveja, como se aquela luz tão festejada por tantos tivesse a capacidade de nos atrair, como insetos para a lâmpada, sem percebermos que os festejos mundanos, muitas vezes promovidos por enganados e enganadores, que possuem as mesmas doenças que possuímos, podem nos desviar de nossa meta. Para difundir a Luz do Criador, basta seguirmos com coerência as lições que o Mestre nos deixou através do Evangelho, sempre com a conduta reta, procurando fazer a reforma íntima constantemente.
Devemos ficar atentos para os transeuntes da carruagem dourada da mediunidade deslumbrante. Mesmo que exibam um tesouro mediúnico de alta expressão fenomênica, não podem ignorar as leis do mundo espiritual e se guiar pelos aplausos do mundo material. Seguindo essas tentações, enquanto se divertem, aumentam compromissos, agravam responsabilidades. Não podem esquecer que todos os louvores que a matéria recebe, termina com a carne no frio do sepulcro. Pode ser que mesmo na vida material, essas pessoas tão deslumbrantes sintam o abandono dos seus admiradores, e podem se arrepender de tanto ostracismo que fizeram da vida espiritual, mas, nesse momento, pode ser tarde demais...
Não podemos esquecer qual o sentido da mediunidade. Reconhecer a existência do mundo espiritual e usar a consciência com coerência para refazer nossos passos errados construindo um novo futuro.
Aqueles que já passaram pelo túmulo e se encontram do outro lado da vida, e que conseguem de alguma forma um contato conosco, mostram com seus sofrimentos uma advertência para que não passemos por aquilo que eles passaram. Talvez não sejamos um grande médium, mas sejamos um obreiro do Amor, que não é ignorado pelos infelizes.
O Mestre Jesus, o médium de Deus, nos deixou suas lições. Evitava magos e adivinhos, sensitivos e profetas, videntes e escribas, oradores e curadores; Ele selecionava os atormentados, doentes, sofredores e perturbados por onde andava. Erguia do lodo e amparava do abismo os que enlouqueciam.
Essas lições talvez nos proteja da atração do deslumbramento material e nos faça ver a importância da sutileza da Luz que vem do Criador e que da mesma maneira devemos difundi-la.