Acostumamos a fazer pedidos à divindade de acordo com nossos desejos, muitas vezes não convenientes, nem mesmos para nós.
Procuramos uma fé que possa preencher o vazio de nossa alma, e nos é concedido as respostas aos nossos problemas...
Procuramos um trabalho onde possa ser aplicado o Amor que possuímos, e nos é oferecido uma gleba, uma porção da humanidade sofredora...
Pedimos saúde para o nosso corpo e mente, e nos é concedido a oportunidade do estudo, do passe, da água fluidificada...
Pedimos companheiros para nos ajudar na Reforma Íntima, e nos é concedido irmãos que também buscam a mesma libertação dos jugos egoístas...
Pedimos conhecimentos para a capacitação com instrumentos cognitivos para o triunfo espiritual, e nos é concedido, pelo mundo espiritual, os depósitos da sabedoria universal...
Parece que somos atendidos em tudo o que pedimos, mas, para quem pede, é como se faltasse algo, pois se tem que fazer algum tipo de esforço em cada graça concedida.
É importante que não permitamos que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo nos iluda e que sejamos capazes de nos libertar de tudo aquilo que impede o nosso crescimento.
As vezes ficamos entusiasmados e prometemos construir um império de fraternidade. Não percebemos que ainda estamos no início da tarefa a realizar, solicitando e meditando, com atitudes de inquietação e dúvidas.
Frente a tudo isso, podemos fazer um balanço consciencial para ter uma noção do nosso nível evolutivo. Podemos perceber que a fé ainda não é bastante para harmonia interior, que o trabalho está cheio de incertezas, e que a saúde está sempre afetada.
Ainda mais: os companheiros do Evangelho não diferem muito dos outros, as preocupações acabam com a serenidade, e verificamos que a atualidade não comporta o Amor, devido a criminalidade, o egoísmo.
Na contabilidade final o resultado é que o crédito está cheio de lamentações, queixas, azedumes, revoltas, decepções, exigências... O débito final é negativo!
Se formos olhar para trás e verificar porque isso aconteceu, concluiremos que foi devido as falsas perspectivas. Esperávamos, não um roteiro de santificação com o esforço pessoal exaustivo, para o justo resgate dos compromissos negativos do passado; pretendíamos uma lição de progresso sem esforço, uma concessão gratuita da divindade, que nos situássemos acima das dores comuns dos que lutam, choram, sofrem e servem.
Façamos uma reflexão corretiva ao olhar à Natureza: será que nos sentimos deserdados dos favores celestes? Será que sonhamos com o Céu enquanto desconsideramos a Terra? Será que pretendemos a evolução e nos recusamos a elevação? Será que procuramos o repouso sem o pagamento da moeda do trabalho?
Atentemos que o rio das horas corre, levando em suas vibrações –tempo as suas oportunidades perdidas. O tempo é como um rio...
Existe uma velha história, num eremitério humilde residia um santo homem que vivia com frugal e pobre alimentação e tragos de água de um córrego vizinho. Exaltava-se e queixava-se, e em suas preces dizia: “Sofro por ti e indago: haverá alguém mais pobre do que eu? Um pouco mais abaixo, no mesmo córrego, vivia outro monge que se alimentava exclusivamente das cascas de maça que boiavam no riacho.
Fica a lição: antes de nos lamuriar, olhemos para baixo e contemplemos os que estão na retaguarda. Limpemos as nossas lentes espirituais.