O mundo em que vivemos, caracterizado pela materialidade, nos induz a ter uma postura mundana, sintonizados com os valores materialistas. Nos apresentamos geralmente com as mãos vazias de feitos, mas com o coração cheios de mágoas; a visão acostumada com paisagens tristes, deixa os pensamentos vencidos pelas lamúrias; o lar, transformado em furna de sombras, agasalha adversários e agressões indébitas; ficamos obscurecidos pelas dúvidas e não conseguimos avançar em nosso projeto evolutivo.
As perspectivas evangélicas que conseguimos imaginar, começam a ficar truncadas... depois dos primeiros contatos com o Evangelho, o lado festivo, positivista, começa a apagar-se e voltamos aos antigos padrões mentais, mesmo que permaneçamos associados a qualquer igreja. Olhamos ao lado e constatamos que os participantes do mesmo Evangelho, também são pessoas comuns, espíritos tão doentes quanto nós, que têm problemas, sofrem, erram...
Nós desejávamos uma revelação enganosa, apoiada no mínimo esforço, que os espíritos superiores negligenciassem o merecimento e o esforço, e que poderíamos alcançar triunfos íntimos sem sacrifícios e provações. Passamos a sentir amargura, como se a seiva da confiança se tivesse tornado minadouro de fel a escorrer continuamente. Contemplamos os obstáculos, e estacionamos, com fome, mas também com asco, como se tivesse um delicioso prato à nossa frente, mas em decomposição, cheio de humores pestilentos.
Então, recusamos a prosseguir. Vem à ociosidade. Esquecemos que ser ocioso é gastar o tempo inutilmente, sem proveito, é desperdiça-lo inutilmente. Esquecemos que a pureza de espírito e a ociosidade são incompatíveis.
Dentro desse contexto, surge uma advertência imperiosa: produze tu! Constrói uma vida mais perfeita na ação do Bem. Examina antigo sítio feliz, hoje em abandono; mananciais cristalinos dominados pela lama; árvores produtivas vencidas por parasitas; solo fértil coberto por espinheiros e lixo; flores coloridas cobertas por arbustos perniciosos; umidade agasalhando repteis que se multiplicam...
Não esperemos pela renovação alheia para começar a luta. Não solicitemos a descida constante dos espíritos puros. Vamos operar nossa tarefa como servidor que não tem tempo ocioso. Desatrelemos o carros das facilidades e acionemos o dínamo dos nobres propósitos.
Reparemos que: os que se lamentam, apenas jogam queixas ao redor; os que censuram, apenas falam, não constroem; e os pessimistas vitalizam as deserções do trabalho contínuo.
Lembremos das lições do Mestre. Na lição do “donativo da viúva”, Ele considerou a humildade, a renúncia, e as exaltou como dádivas maiores; na lição das “virgens prudentes” Ele ressaltou o impositivo da vigilância e o imperativo da confiança; na lição do “feixe de varas” ficou clara a importância da união entre as pessoas; e finalmente, em toda a Boa Nova, as lições evangélicas sempre consola e esclarece, encoraja e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta.
A lição do Bom Samaritano mostra com toda a clareza a importância do trabalho em favor do próximo, que sempre é aquele que chega perto e proporciona a ajuda que se faz necessário. Foi o que Jesus mostrou ao fariseu que queria saber quem era o seu próximo... não é aquele que passa longe de forma indiferente, não importa que seja um doutor da lei, um sacerdote, um juiz... pode ser aquele simples samaritano que se aproxima e age com compaixão. Então, vai tu e faze o mesmo, Respondeu o Mestre,
Da mesma forma, com essas lições, produzamos nós e não reclamemos!