Desde que o homem assumiu a condição de bípede, pôde olhar acima de sua cabeça com mais facilidade e ver a dimensão celeste com seus astros a se movimentar. Intuitivamente veio à consciência a ideia de um ser superior que administrava tudo que ele via e não podia compreender, inclusive sua própria vida. Passou a denominar como Deus às várias forças da Natureza e os seus efeitos.
Esses pensamentos místicos dominaram a imaginação humana em todos os rincões civilizatórios em que se se desenvolveram os seres humanos com maior poder de abstração, comparado aos outros animais. Criaram diversas mitologias e religiões para oferecer uma explicação que atendesse a necessidade lógica dentro de um contexto de dificuldade de compreensão, por não entenderem a natureza dos processos físicos.
Com o refinamento do pensar, da ciência, da tecnologia, e da filosofia, a ideia de Deus também foi refinada. A mitologia foi colocada num plano apenas imaginativo, e passamos a entender a divindade maior como uma energia superior, produtiva, incognoscível em sua essência. Isso faz permanecer o conteúdo místico dentro da nossa psique, quer seja na dimensão subconsciente ou inconsciente.
Nas religiões sempre existe algum tipo de ritual para incluir os novos recém-nascidos. Na igreja católica na qual vivi os primeiros anos de minha vida, fui submetido a uma série de rituais, a começar pelo batizado. Esse ritual faz a inclusão de forma sistemática de todas as crianças pertencentes a essa religião.
Surgiu a ideia em mim, talvez uma necessidade inconsciente, de fazer o batizado do meu neto, primogênito do meu primogênito, que tem um significado místico forte. Segundo o livro sagrado que mais frequentemente obedecemos, a Bíblia, ela defende que os primogênitos sejam dedicados a Deus. Como também sou primogênito, deve existir a nível inconsciente essa responsabilidade tão grande com relação a Deus, que vejo se materializar a cada dia no meu próprio comportamento e atividades.
Como desenvolvi um pensamento ecumênico com relação a Deus, respeitando-O dentro de qualquer religião, esse batizado seria realizado resgatando as diversas formas de divindades que são representadas atualmente.
Seria assim... um local será escolhido de preferência dentro da Natureza. Eu teria o papel de sacerdote sênior, assessorado pela sacerdotisa avó. Os santos católicos, umbandistas, elementais, wiccanianos, krishnianos, etc.
Eu apresentarei o neto aos quatro cantos, sob a luz das estrelas bem distantes, e da lua que representa nosso sol, evocarei o nome da divindade, da energia criadora, que está presente em tudo e em nós... lembrarei do nosso compromisso enquanto filhos dedicados à vontade do Pai. Ao som de música espiritual, serão respingadas as gotas de agua batismal, firmando esse compromisso de pais, filhos, netos, irmãos e demais parentes e amigos presentes a solenidade.
O evento será filmado como forma desse momento ser relembrado e reconstituído por gerações afora, certamente resgatando na prática a linhagem dos filhos dedicados ao Pai, não como uma forma de mordomia, mas de trabalho e de exemplos para todos que constituem a humanidade em busca da angelitude.