Na esteira do crescimento do movimento, há ideias de pedir um referendo pelo retorno à Monarquia. Essa é a saída que você defende? O chefe de Estado – que você lamenta não existir no Brasil – deveria ser um monarca?
Sendo uma República, precisa ser um presidente eleito diretamente. Sendo uma Monarquia, precisa ser via plebiscito para restauração desse poder como sendo hereditário. Mesmo sendo hereditário, teria que ter um freio nisso. Chama-se Conselho de Estado, que define regras. E se o cara (chefe de Estado) for louco? For altamente impopular? Se não for preparado? Tem que ter um conselho fazendo um pré-julgamento sobre o futuro monárquico. Tem que ter algum freio aí. Mesma coisa com a República: um Conselho de estado é necessário para frear o chefe de estado. Anciões ali vinculados à sociedade brasileira que não precisam ser remunerados, mas que precisam ser pessoas de alta capacitação, reconhecidas, que entendam qual é a função do chefe do Estado. Tanto um presidente quanto um monarca, o chefe de Estado será o comandante das Forças Armadas, mas não poderá declarar guerra, que só pode ser decretada pelo Parlamento. Ele será encarregado de diplomacia, também estará envolvido com as questões do Ministério Público, com as forças de segurança interna, como a Polícia Federal. Todas essas forças de Estado são feitas para proteger o Estado contra quem? Contra os governos. Os governos têm que ser colocados como uma entidade eleita, mas que o Estado está sempre limitando. Tem que ter o chefe desse Estado versus um chefe do governo. Os dois vão exercer a função do Executivo, um limitando o outro. “Ah, agora eu vou fazer uma Olimpíada”, aí o Estado tem que falar: “Opa, isso vai quebrar o país. Não vai fazer Olimpíada”. Hoje nada disso existe.
Esta resposta resvalou sobre a pergunta. Não foi no seu foco. É importante e necessário um referendo para a Monarquia voltar ao poder? Da maneira que está hoje, com a população ignorando o que foi a Monarquia, e pior que isso, sendo mal educados pelo sistema republicano oficial nas escolas, associado aos interesses das elites republicanas que estão engajadas nas instituições de poder, sufocando o povo com altos impostos e péssimos serviços, não haveria êxito. A Monarquia continuaria colocada no escanteio, como algo burlesco que se passou na história do Brasil, digno de constar no anedotário popular.
Seria necessário uma campanha de educação dentro da verdade. O governo não tem interesse em fazer isso, o parlamento também tem outros interesses e até contrários a causa da Monarquia. Porém, o meio mais adequado seria essa proposta surgir de dentro do parlamento, que é quem representa o povo. No entanto, a Casa Real é contrária a formação de partidos políticos que defendam a causa imperial. Vejo com isso um grande entrave para a volta da Monarquia. Não sei ainda as razões da Casa Real não defender a formação de partidos políticos com a agenda da Monarquia.