Li outro texto que circula na net, atribuído a Gabriel Tebaldi, graduado em história pela UFES que diz o seguinte:
Nunca entre num lugar de onde tão poucos conseguiram sair, alertou Adam Smith. A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama, cravou o romano Ovídio. Corrupção é o bom negócio para o qual não me chamaram, ensinou o Barão de Itararé.
E na contramão de todos está alguém que abriu mão de si mesmo pelo poder. Lula construiu uma história de vida capaz de arrastar emoções e o levar à presidência. Agora, de modo desprezível, o mesmo Lula destrói-se por completo. Não é preciso resgatar o triplex, o sítio ou os R$ 30 milhões em “palestras” para atestar a derrocada do ex-presidente. Basta tão somente reparar a figura pitoresca na qual Lula se tornou.
O operário milionário sempre esbanjou o apoio popular e tomou para si o mérito de salvar o país da miséria. Contudo, junto disso, entregou-se aos afetos das maiores empreiteiras, não viu mal em lotear a máquina pública, nem constrangeu-se de liderar uma verdadeira organização criminosa.
Sem hesitar brincou com os sonhos do povo e fez de seu filho, ex-faxineiro de zoológico, um megaempresário. Aceitou financiamentos regados a corrupção, fez festas juninas pra magnatas e mentiu, mentiu e mentiu. O resultado, enfim, chegou: ao abrir mão de si mesmo, Lula perdeu o povo.
Pelas ruas, o ex-presidente é motivo de indignação e fonte de piadas. Lula virou chacota, vergonha, deboche. Restou-lhe a militância do pão com salame e aqueles que tratam a política com os olhos da fé messiânica.
Seu escárnio da lei confirma sua queda. Lula ainda enxerga o Brasil como um rebanho de gado, e não percebe que está só, cercado por advogados que postergam o seu coma moral. Enquanto ofende o judiciário e todos aqueles que não beijam seus pés, Lula trancafia-se na bolha de quem ainda acredita que meia dúzia de gritos e cuspes podem apagar os fatos.
O chefe entrou num mundo sem saída, trocou sua consciência pelo poder e corrompeu-se até dissolver sua essência. Lula morreu faz tempo. Restou-lhe apenas uma carcaça podre que busca a vida eterna no inferno de si mesmo.
A essência do texto é verdadeira, mas o conteúdo, do meu ponto de vista, tem distorções. Não é que o Lula tenha aberto mão de si mesmo, que tenha alterado a sua personalidade quando chegou à presidência. Ele já era aquilo que mostrou o que era, apesar de sempre negar os crimes que cometeu. O que acontece é que muitos, incluindo eu, não conhecia esse personagem suficientemente, nem eu que votei nele na primeira vez quando não se elegeu e na segunda quando se elegeu, nem alguns dos seus colaboradores mais próximos que deixaram a sua liderança e o seu partido assim que perceberam quem de fato ele era.
Não é que ele tenha aberto mão de si mesmo, alguém que se destruiu por ter se envolvido com o “canto das sereias” do poder. Ele já possuía todos os requisitos para envolver aqueles que não conseguiam alcançar os malefícios das aparentes bondades que ele comandava, ou se envolviam como comparsas dentro dos crimes. Desde os pobres conquistados com as mais diversas bolsas, os parlamentares, com os mensalões, os empresários com os contratos superfaturados, os sindicatos e associações com a facilidade de recebimento de verbas, membros da cultura com projetos polpudos, a academia com as vagas, bolsas e construções de infraestruturas nos diversos campi e Institutos, até os tribunais sendo preenchidos com pessoas mais vocacionadas a quem lhe “tinha feito o favor” do que à nação com a qual deveria ter o respeito e responsabilidade.
Foi essa massa de beneficiados, conscientes ou inconscientes dos seus crimes, que gerou a “popularidade” do criminoso, que extrapola o bom-senso, quando o lado íntegro da justiça sentencia aqueles envolvidos, inclusive o chefe, e defendem com unhas e dentes, muitas vezes de forma radical e violenta os argumentos rudes e sem consistência.
Não é que ele tenha trocado sua consciência pelo poder; ele usou o poder para exercitar na prática a sua consciência, corrompendo com mentiras ou com cooptações quem dele se aproximava, que não conseguia perceber o crime que estava ocorrendo ou que tinha uma consciência parecida com a dele, que não se incomodava de praticar o mesmo tipo de crime do chefe.
Sei que estou entrando numa seara de julgamentos na qual nós, cristãos, somos advertidos sobre isso, pois da mesma forma que julgarmos, nós também seremos julgados. Mas, podemos atentar ao que Pedro nos advertiu em 1 Pedro 5:8 – “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.