Existem posições sólidas do ponto de vista racional, colocando Jesus como mais um guerrilheiro do que um rabino professor do Amor. Esta última visão foi mais divulgada por Paulo de Tarso, o que criou o Cristianismo e divulgou pelo mundo, além das muralhas de Jerusalém.
Acredito que esses autores possam ter razão, pois estão armados de diversos fatos registrados, inclusive nos Evangelhos. Porém, a visão do Cristo armado apenas de Amor ao próximo como a si mesmo, é muito importante para a nossa evolução espiritual.
Construí um paradigma de que tenho uma alma que administra um corpo material, que ambos são criação de Deus e que, não sei por qual motivo, fui criado simples e ignorante, mas com a missão de me aprimorar e de me aproximar mais uma vez do Pai.
Dentro deste paradigma, a imagem do Cristo que mais se aproxima de minha conduta consciencial, na qual Ele é o meu líder, professor e protetor, é a do Cristo angelical, capaz de amar aos inimigos.
Será que minha visão romântica se afasta da realidade do Cristo? Sim, se o Cristo guerrilheiro é o verdadeiro e o Cristo desenhado por Paulo de Tarso é fruto apenas de sua imaginação, então tenho que seguir essa fantasia de Paulo. Não é que o Cristo perca a sua importância dentro da minha consciência, mas o seu lado militarista, guerrilheiro, fica em segundo plano. Digo assim, pois o aspecto guerrilheiro do Cristo que é realçado, é contra o poder romano que dominava os judeus, uma situação muito individualista.
O Cristo que assume importância dentro dos meus paradigmas de vida, é aquele que ensinou que devemos construir o Reino de Deus, inicialmente corrigindo as forças do egoísmo que todos possuímos. Essa limpeza do egoísmo do nosso coração nos faz sentir como cidadãos deste reino divino, mesmo que estejamos sozinhos dentro desta perspectiva. Mas com a divulgação deste ensinamento, iremos ter cada vez mais pessoas com a mesma conduta dentro do Amor Incondicional, e formaremos aqui na Terra este comunidade harmônica, o Reino de Deus.
Na posição guerrilheira de Israel, esse Reino de Deus deveria estar dentro da nação Judéia, que os outros seriam considerados idólatras, incapazes de serem cidadão deste reino divino. O Amor nessas circunstâncias seria condicionado a nacionalidade de cada um, e por aí percebemos que não atende ao Amor Incondicional que é o cimento necessário para a construção da família universal, e por conseguinte do Reino de Deus.
Por esse motivo, o Cristo guerrilheiro não atende minhas expectativas, pelo menos no contexto isolado dos judeus. Posso até considerar um aspecto guerrilheiro no Cristo, mas somente se isso for de natureza universal e se for para se confrontar com o mal que pode estar dominando um ser humano, deixando-o na condição de animal selvagem, capaz de destruir o semelhante sem nenhum pudor. Neste caso, a posição de guerrilheiro, de matar um animal desses antes que eles nos destrua, faz sentido.