Tenho a compreensão que a vida está centrada no nosso espírito, que para evoluir deve administrar um corpo físico e todas as energias que ele possui para se preservar ante a destruição. Essa destruição do corpo físico corresponde ao desagregamento celular dos trilhões de células que estavam sendo administradas pelo espírito. A maioria das pessoas entende que a vida se concentra exclusivamente no corpo físico e com a morte tudo se acaba. Poucos compreendem que a morte do corpo físico corresponde simplesmente a saída do espírito desse conjunto de células, da carne, por isso o termo desencarnação é mais completo que o termo morte.
Durante o tempo que vivemos administrando este atual corpo físico, cometemos diversos erros que vão se acumulando na consciência e mantido nos registros inconscientes. Antes do momento da desencarnação podemos ter algumas atitudes que merecem ser refletidas.
Primeiro, não devemos esperar que chegue os sinais da morte para pensar nos programas nobres da vida que não foram executados ou correr para promover confissões para o alívio da consciência. Não usar as últimas palavras para fazer inúmeras despedidas, encenar adeuses e apresentar as últimas vontades, causando transtornos físicos e emocionais em quem fica com esses encargos. Mesmo se não conseguir falar, não remoer arrependimentos. Não ficar gaguejando mentalmente o quanto gostaria de ter feito.
Algumas vezes pode ser sentido um tipo de mensagem que a morte está próxima, pode ser uma doença grave. A pessoa age apressadamente para desanuviar a mente que está carregada de remorsos, expondo os erros, pedindo perdão. Mas, como não era ainda o seu momento de desencarne, tão logo a pessoa se sente recuperada, retorna aos velhos locais de prazer, de orgia, sedento de comércio com a loucura a que se entregam.
Devemos observar que o nosso corpo tem algo parecido com as máquinas. Funciona com eficiência enquanto a engrenagem está harmônica; desengonçada, emperra com prejuízos da produção. Cabos sustentam pesos colossais, como nos elevadores; enfraquecidos pelo uso, perdem a finalidade, levando perigo. Instrumentos sensíveis colaboram eficazmente; desajustados levemente tornam-se danosos a qualquer cálculo ou realização.
O corpo humano também tem um período hábil de realizações, alguns alongam esse período, o prazo de previsão, de vencimento. E se por acaso for danificado determinado órgão, mesmo que seja devidamente consertado, podem voltar a servir, mas mais demoradamente.
Não podemos esquecer que a nossa alma está administrando um corpo que tem uma passagem rápida aqui na Terra, que devemos produzir o quanto formos capaz. Amanhã as circunstâncias de tempo, modo e lugar, serão diferentes. Devemos movimentar a máquina físico-mental sob o beneplácito da saúde.
Em nossas ações cotidianas vamos apaziguar a consciência, reparando com o bem, os males praticados, enquanto caminhamos com os ludibriados por nossa negligência. Resolvamos nossas dificuldades nos dias de vigor carnal. Mesmo que aparentemente fiquemos tranquilos por transferência de nossas responsabilidades, ao despertar do outro lado após o desencarne, estaremos como somos, com o que temos, com o que gostamos.
Lembremos as lições do nosso Mestre, Jesus, quando ele exemplificou na parábola do Mordomo Infiel, a responsabilidade de administrar bem os recursos que nosso Pai nos deu, e dentre eles o mais importante é o corpo físico.
O momento do desencarne é dramático, sabemos... mas não podemos desesperar e esquecer o comportamento do Mestre em pleno calvário, manteve a lucidez que o caracterizava, mesmo sofrendo torturas físicas e morais, continuava o seu amor pela humanidade: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.