Quando consideramos as quedas daqueles que imaginávamos que estavam livre das tentações, sentimos que um pesado fardo nos amesquinha, ameaçando os nossos melhores sonhos. Por esse motivo encontrei justificativas na minha consciência para justificar a minha expulsão violenta do lar, promovido por minha esposa, cansada que já estava das minha aventuras amorosas, fora do casamento, como ela nunca imaginara que poderia acontecer comigo.
Pode ter sido isso uma falência da minha consciência frente aos desejos de sexo, das constantes tentações nesse sentido, mesmo que eu tenha dado uma justificativa espiritual, da aplicação do Amor Incondicional e de seguir a bússola do Cristo, “fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que fizessem conosco.” Mas na cabeça da minha esposa pode ter passado como irresponsabilidade da minha parte, e por isso deve ter sofrido angústias sem nome.
Felizmente, não parti para a dilapidação do patrimônio, meu ou alheio, não tive por causa disso uma interiorização emocional amargurada. Porém, a minha esposa se ressentia da falta de tempo que eu passei a apresentar, dos gastos, mesmo mínimos que eu pudesse ter. Certamente sofreu amarguras, imaginando quanto foi inútil para conquistar os seus sonhos, e por se manter sempre dentro da honra.
Também podemos ver a falsa popularidade no conceito de todos os homens, daqueles que se agigantam no poder por meio não recomendáveis, fora da ética cristã, sentimos um espinho em nossa carne, por ficarmos na solidão na prática da retidão.
Em todo lugar vamos encontrar desajustes e constatar a benevolência de todos, principalmente daqueles que se beneficiam dos maus feitos, daqueles que tombam moralmente, mas se levantam na balança financeira.
Podemos verificar, com desalento, que nossos melhores esforços são recebidos com ironia e comparando nossas lutas sofridas com as vitórias fáceis de quem segue na multidão, sem esforço do trabalho honesto e com corrupção das atitudes vis. Isso termina por gerar dentro de nossa alma um desalento vigoroso que parece nos arruinar. Temos que fazer um esforço nesse contexto para que nossas palavras não tenham uma pitada de azedume, pessimismo, irritação, ironia ou falta de sinceridade.
Conflitos existem por toda a parte e isso pode produzir em nosso espírito uma espécie de zombaria para os nossos sonhos. Levantemos os olhos e sigamos em direção à luz, desembaraçando os pés do cipoal de dúvidas e espantando as trevas para que possamos avançar com segurança.
Entendamos que muitos que parecem felizes, na verdade não são. Desconhecemos o tributo oculto que essas pessoas aparentemente tão poderosas e vitoriosas, financeira e politicamente, pagam em esforço contínuo para manter as aparências e as frivolidades. Alguns escutam os discretos apelos do bem e não conseguem se desenovelar dos compromissos em que se emaranharam, e por isso sofrem... alguns sofrem por se conhecerem como são.
O “país” de cada Espírito é região difícil para alguém querer conquistar. Cada ser é o que vive intimamente.
A desencarnação, separação do Espirito da carne por ocasião da morte, é a viagem que todos nós fazemos para o tribunal da consciência, onde os erros são revelados e os pagamentos programados.
Então, como devemos agir num mundo de provas e expiações, cheio de conflitos? Não devemos nos preocupar com aqueles que estão no poder e no triunfo aparente, senão quando chamado a ajuda-los. Recobremos a serenidade e aprendamos a lição do tempo precioso. Trabalhemos e sirvamos sem esmorecimento, harmonizando os desejos e aspirações com a mensagem cristã. As criaturas são cada uma delas, experiências no laboratório da evolução.
A estrela que brilha no céu diante dos nossos olhos deslumbrados, possivelmente já desapareceu. Um pequeno engano de cálculo, no que pensa e porque age de tal forma, tal pessoa, pode fazer ruir um forte relacionamento, por mais íntimo que seja.
Não podemos esquecer que tudo no Universo foi criação do nosso Pai, inclusive nós, e que Ele vive em qualquer ponto, inclusive dentro de nós. Por isso, uma insignificante partícula de fuligem contribui para uma simetria harmoniosa e perfeita, expressando a sabedoria do Criador. Valorizemos o que podemos fazer e fazemo-los quando e quanto podemos faze-lo.
Não esqueçamos o exemplo do nosso Mestre, sempre afável e doce com todos: com Simão, abençoou os haveres e a generosidade; com Pilatos, indicou o Pai Celeste para o conhecer e a verdade; com Joana de Cusa, indicou os deveres da esposa; e com o Centurião, favoreceu a saúde do servo doente.
O Mestre atendeu aos deveres que lhe competiam e silenciosamente abraçou a cruz do abandono e sofrimento, enquanto o mundo inteiro buscava a glória passageira do poder, Ele evoluía para a grandeza Celeste, de onde até hoje nos ajuda e nos segue, sem conflitos nem aflições.