Assisti um filme com esse título, baseado em fatos reais, muito bom, pois consegui fazer um paralelismo com a minha história.
O protagonista era pastor de uma Igreja Evangélica, muito conceituado, celebrado, respeitado. Sua igreja estava repleta de fiéis que adoravam a sua pregação. Sua esposa sempre lhe acompanhava, sentava junto com as demais senhoras em uma bancada especial por trás do púlpito.
Tudo começou quando ele viu pela televisão uma reportagem mostrando a morte de milhares de crianças na África, por fome, doenças e violência das guerras. Ele entrou em conflito: para onde iam tantas crianças mortas dessa forma e que não tiveram a chance de conhecer Jesus Cristo, de alcançarem a salvação? Será que Deus era tão perverso que permitia que elas sofressem por toda eternidade o fogo do inferno?
Foi nesse momento que ele percebeu a “voz de Deus” em sua consciência, dizendo que não se preocupasse, pois essas crianças estariam indo para perto dele por ocasião da morte. Foi essa experiência que ele relatou em um dos seus sermões. Quando disse que não era necessário conhecer Cristo e aceita-lo como Salvador, pois todos que morriam dessa forma iam para perto do Pai, causou uma grande polêmica entre os demais pastores, os mentores da Igreja. Eles diziam que se essa tese da não necessidade da aceitação de Cristo para a salvação fosse correta e seguida, então seria desnecessária a ida das pessoas à Igreja, de pagarem seus dízimos e toda a estrutura desabaria.
Os pastores amigos tentaram lhe dissuadir desse pensamento, que essa “voz” que ele ouviu, certamente não era a voz de Deus, e que ele devia no próximo sermão pedir desculpas pelo que havia falado. Sim, ele foi no próximo sermão, mas o que ele falou, dando como apoio passagens da própria Bíblia, reforçou ainda mais o seu pensamento, de que Deus não desampararia ninguém pelo fato de não ter conhecido Jesus.
Isso causou um cisma na sua igreja, muita gente abandonou o recinto mesmo na hora do culto e permaneceu apenas um pequeno número de pessoas que não foi o suficiente para manter funcionando aquele templo. O pastor foi incriminado por todos os seus colegas, chegaram a fazer um tribunal para o condenar, apesar dele colocar argumentos da bondade de Deus, do Novo Testamento trazido por Jesus, muito acima do Velho Testamento trazido por Moisés e que mostrava um Deus vingativo e perverso.
O pastor passou a viver com dificuldades financeiras, sua esposa teve que encontrar um emprego para ajudar nas despesas domésticas, mas aumentou muito o respeito que ela tinha por ele.
Termina o filme com o pastor aceitando um convite para fazer um sermão numa igreja cheia de pessoas consideradas párias sociais, como doentes aidéticos, prostitutas, drogados, traficantes, etc. Ele disse que entendia cada um dos que estavam ali, pois ele passou pelo mesmo processo de isolamento e preconceito, simplesmente por defender a bondade infinita de Deus e o seu Amor Incondicional, que amava cada um dos seus filhos, independente da condição que esse filho pudesse oferecer a Ele.
Nesse ponto senti a proximidade do pensamento do pastor com o meu pensamento. Também sofro um tipo de preconceito por defender o mesmo Amor Incondicional, um amor que inclui a todos e que não se omite dentro dos limites impostos pela cultura hipócrita, ao aprofundamento desse Amor até a intimidade sexual, desde que obedeça a ética trazida por Jesus, de fazer ao próximo o que desejamos para nós.