O jardim do Éden faz um belo contraste com as cavernas do Haden, símbolos do Céu e Inferno, respectivamente.
Dentro do mundo globalizado, de relações materialistas, vamos encontrar uma situação que aproxima essas duas condições diametralmente opostas: o uso de drogas psicoativas.
As drogas psicoativas, principalmente as ilícitas, tem uma grande procura e movimenta bilhões em todo o mundo por promover no usuário uma condição psíquica que o aproxima do Éden. Esse prazer experimentado a cada vez que se usa a droga, termina por fazer o desligamento do usuário com a realidade e promover o deslocamento lento e progressivo do Éden para o Haden.
Como as pessoas que entram nesse processo não tem o conhecimento e o reconhecimento de que o seu paraíso logo se transformará num inferno, logo estarão sofrendo os efeitos de uma dependência química capaz de provocar abstinência física e/ou psíquica. Nessa condição passam a perder o controle da sua vontade, passam a fazer qualquer coisa para sair do inferno e voltar ao paraíso. Mas, não conseguem perceber que isso é infrutífero, pois cada vez que volta ao paraíso o retorno ao inferno é mais rápido. E nesse constante vai-e-vem, os neurônios cerebrais vão se deteriorando, a dignidade humana se perde e só resta ao final uma figura de zumbi pronta para matar ou morrer em busca desse paraíso perdido.
Nesse processo de deterioração da condição humana, acontece o fortalecimento financeiro dos criminosos que traficam as drogas ilícitas, tendo como esteio a destruição física e moral do dependente e destruição financeira dos parentes. Isso acontece em todo o mundo, no Brasil principalmente.
Observamos o fortalecimento da marginalidade, com poderio econômico, armas e até poder político. Comunidades são colocadas como refém de suas ações, a polícia menor equipada, menos remunerada e mal amparada judicialmente, enfrenta uma verdadeira guerra civil, onde os cidadãos que poderiam lhe defender, estão desarmados.
Mas não quero entrar nessa logística de guerra, prefiro desenvolver um ensaio onde prevaleça a recuperação do doente químico e a prevenção para que outras pessoas não venham ser acometidas.
Como o motor financeiro dessa criminalidade é o comércio ilegal das drogas, devemos criar condições de conquistar os clientes dos traficantes. O Estado criaria uma instituição comercial, meio escola, meio hospital, para comercializar livremente a droga em ambiente protegido. O dependente, habitante do inferno, seria acolhido, receberia sua droga de eleição, patrocinado pelo Estado, e ao mesmo tempo seria tratado física e psicologicamente, associado a um desmame progressivo e pactuado com o paciente. O nome dessa instituição seria Éden-Hades para simbolizar na mente do dependente essas duas condições em que se encontra sua mente.
O dependente que ainda estava inserido na comunidade, compraria sua droga a preço de custo, imbatível por qualquer outra fonte de oferta. Ao mesmo tempo receberia instruções, folhetos, cursos sobre a consequência do uso das drogas.
Outra projeção do Projeto Éden-Hades, e este de fundamental importância, pois serviria de vacina social contra o abuso de drogas, seria a articulação da juventude, de forma hierarquizada e remunerada. Estes jovens seriam capacitados sobre o conhecimento precoce das drogas e seus efeitos e de forma democrática e participativa usariam os contra turnos escolares para desenvolverem ações culturais, esportivas, ecológicas e comunitárias.
Assim, evitaríamos uma guerra entre irmãos e teríamos oportunidade de engajar prováveis criminosos em operantes cidadãos.