Essa série de ficção, uma das mais antigas que conheço, traz muitas aventuras inusitadas. Porém temos uma espécie de perdição, que não é ficção científica, pois nos coloca dentro dos mais inusitados panoramas cognitivos. É o espaço mental no qual podemos nos perder dentro dele e passar a vivenciar aventuras que ninguém pode imaginar que isso esteja acontecendo conosco.
Os sonhos começam a ser construídos na adolescência, com mais detalhes, desenvoltura e firmeza. É uma viagem mental que começa a ser construída. No início ainda não é realidade, está dentro dos intricados caminhos da imaginação. A cada dia somos instados a decidir por uma ou outra coisa, por um caminho ou outro.
São essas diversas decisões que tomamos que podem nos levar a um intricado labirinto, sem saber como sair dele. Não podemos recuar, seguindo nossos próprios passos, pois o tempo apagou todos eles.
Como fazer um vestibular para uma área desejada, se perdi essa chance há tanto tempo e agora ela não nos encontra com as energias que se tinha antes?
Como encontrar uma forma de manter um relacionamento que tanto afagava o coração, que não houve a competência de fazer isso e agora o tempo não dá a mesma chance?
Como voltar, conceber e receber um filho que tanto assustava no passado e que agora tanta falta faz?
Como olhar com amor para a mãe e irmãos se foi deixado que o tempo deteriorasse a relação com essas pessoas e agora o abismo que foi cavado, de tanto caminhar por uma trilha de afastamento, isolamento, recalcamento?
E agora? A pessoa se sente perdida num espaço mental que ninguém conhece e que nem ela mesma pode explicar como é, para que alguém possa lhe dá a mão e lhe puxar para fora. A psicoterapia não alcança a real posição dessa pessoa, talvez por não se saber explicar, ninguém possa ajudar.
Outra tábua de salvação seria a religião, mas como se valer dela se a pessoa não acredita no Deus que é agraciado?
Assim pode-se ficar, perdidos no espaço mental, num contexto tão complexo e fora da realidade, que nem ao menos a pessoa pode elaborar com detalhes onde se encontra, como acontece na ficção científica.
Essa pessoa pode sentir o coração bater, mas seu raquitismo ou entupimento de gorduras, não deixa a percepção de nem um pinguinho de afeto que no passado foi capaz de construir.
A penumbra em pleno sol é tão forte que a pessoa não ver um palmo à sua frente, não pode optar por outros caminhos, pois agora não tem a percepção deles.
Cada dia é um capítulo diferente dessa série mental, dos labirintos trevosos no qual se está tateando, sentindo dores, derramando lágrimas.
Com todas as minhas experiência como terapeuta, não consigo tirar essas almas perdidas no seu campo mental; elas não compreendem minhas palavras, apesar de escutar minha voz; meus medicamentos, tranquilizantes ou ansiolíticos, antidepressivos ou antipsicóticos, entram em adaptação com o organismo, com o tempo, e deixam de dar o alívio inicial que antes proporcionavam.
Que posso fazer por meus pacientes perdidos no espaço mental se não consigo encontra-los?
Estou aprendendo que o benefício que posso trazer para esses pacientes, é de prevenção, de evitar que eles penetrem nesse labirinto mental, levados pela cólera, ira, raiva, mágoas, baixa autoestima, medo, vingança... Posso atenuar no momento as suas dores com minha química, redirecionar seus pensamentos com minhas palavras, mostrando o livro texto básico para a nova caminhada em busca da normalidade, da integridade mental e emocional: o Evangelho.