Existe uma compreensão, parece majoritária, nos meios espiritualistas, cristãos, que devemos amar ao próximo como Jesus ensinou, até o extremo de sermos vítimas de um assassinato, sem apresentar defesa à altura. Este assunto já foi debatido neste espaço, mas como voltei a ser criticado em reunião espiritualista por ter defendido a ideia que eu seria capaz de matar o meu provável assassino para salvar minha vida, volto a colocar minha opinião e esperar uma reflexão mais ampla por parte dos meus leitores.
Essa questão de não oferecer resistência a um assassino que vem disposto a matar a pessoa me parece um grande equívoco, mesmo analisando a lição do Cristo: “Amai ao próximo como a si mesmo.” Ficou bem claro que tem um limite para esse amor ao próximo. Se esse próximo se aproxima de mim com a intenção de me destruir, não deverei ficar inerte e deixar ele praticar sua criminosa intenção contra mim. Estaria assim amando mais a ele do que a mim, e isso não está coerente com a lição do Cristo.
Concordo que se eu vivesse num mundo de regeneração, onde o bem supera o mal, claro que eu não teria a intenção de andar armado para defender a minha vida, pois isso poderia ser uma possibilidade muito remota.
Acontece que eu vivo num planeta de provas e expiações onde o mal supera o bem, onde pessoas se comportam como animais, sem nenhuma compaixão pela vida humana. Da mesma forma que eu entro numa floresta armado para me defender dos ataques de feras selvagens, que buscam me destruir para garantir a própria subsistência, sem nenhuma característica humanitária, devo ter o mesmo comportamento na selva de pedra que caracteriza nossas cidades, infestadas de feras com a roupagem de seres humanos.
Sei das lições que o Cristo deixou e que foi registrado nos Evangelhos por seus discípulos, da disposição de morrerem como mártires nos circos romanos, como aconteceu muito frequentemente. Essa prova de fidelidade à fé cristã tem a sua importância, pois isso ajudou a consolidar a confiança que se deve ter nos desígnios de Deus. Mas chegamos num estágio que a nossa compreensão deve entender que o importante é o comportamento que devemos ter na aplicação prática desses ensinamentos, incluindo nesse contexto a evangelização, o ensino teórico aos desconhecedores da vida e missão do cristo.
Dessa forma, posso seguir qualquer religião, ou mesmo ser ateu, mas se o meu comportamento está dentro dos paradigmas do Evangelho, então estou seguindo o caminho que o Cristo ensinou de aproximação ao Pai, mesmo que eu não saiba que isto esteja acontecendo.
Portanto, a conclusão que chego após toda esta reflexão, é que devo ter a força moral de caminhar nesta vida ajudando ao próximo, amando ao próximo, mas tendo como referência o amor que devo ter a mim mesmo. Se alguém vem com o intuito de me destruir, minha consciência libera o meu comportamento de defesa, chegando inclusive a matar este oponente, se assim for necessário.
Um desdobramento desse tipo de posicionamento, é a defesa que faço ao movimento contra o desarmamento, por entender que o desarmamento da população de bem vai permitir com mais facilidade aramas apenas nas mãos dos bandidos, pois esses não se incomodam de burlar a lei em favor dos seus nefandos propósitos.