Toda ação que fazemos tem uma consequência, como um remédio que tomamos com determinado objetivo, mas que irá ter efeitos colaterais. O sexo também tem suas consequências, e por isso é importante que seja associado a algum tipo de compromisso.
Quando não existe compromissos por ocasião do ato sexual, dívidas podem ser contraídas pelo espírito, gestor daquele corpo que se tornou vítima ou ofensor. Quando essas dívidas não são pagas aqui no mundo material, no mesmo período existencial de ambos os envolvidos, elas são transferidas para o mundo espiritual onde a sabedoria divina irá administrar a melhor forma de compensação em novas reencarnações.
Por esse motivo, os abusos sexuais cometidos no passado surgem hoje como limitações as mais diversificadas, físicas, emocionais ou sociais; os desgastem do passado surgem como carências do agora. Não podemos esquecer, como orientava o mentor espiritual André Luiz: “Se beneficiamos ou prejudicamos alguém, estamos beneficiando ou prejudicando a nós próprios”.
O espírito reencarnado existe aqui no mundo material como se tivesse prisioneiro, emboscado nos tecidos carnais, onde sofre a imperiosa necessidade de crescimento, com frustrações e ansiedades as mais diversas. Distúrbios e falsas necessidades surgem na tela mental responsável pelas aspirações e investidas que o atormentam sempre.
Por esse motivo, a questão essencial no panorama do sexo não diz respeito à continência ou à concessão emocional, mas a maneira como se cultiva uma outra condição.
Nesse particular, é urgente o processo de educação mental em relação ao aparelho genésico, sublime santuário de perpetuação da espécie na Terra.
O espírito procura tentativas de solução, daí vem a abstinência matrimonial através do celibato, sem o respeito, no entanto à castidade.
Lembrar que celibato significa um estado em que determinada pessoa se compromete em não se casar ou manter relações sexuais, enquanto castidade significa abstenção completa dos prazeres do sexo.
O padre Fábio disse em uma de suas homilias que “Deus me mostra, Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que podem trazer algum risco à minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em propriedade privada”.
Em sociedade, procuramos algumas formas de controlar essas dificuldades. Uma delas é promover a castidade, porém sem amor aumenta ainda mais o problema, pois o amor é disciplinante e educativo, e sem ele, o celibato e a castidade criam desajustes por causa da constrição, criam desajustes e aflições dificilmente abordáveis como chega a ser o caso da pedofilia dentro da Igreja Católica.
O amor livre, outra forma de se tentar uma solução para a força instintiva do sexo, convoca o corpo e a mente ao retorno a selvageria instintiva, condimentada com toda sorte de concessões e amesquinhamentos, em que se corrompe e perverte, impondo futuros renascimentos marcados pela desventura e anormalidade.
As consequências do celibato sem a devida abstinência sexual, é que o homem se despudora, pois já está consciente que a desobediência é um tipo de crime; da castidade sem a educação moral é que leva o homem ao desequilíbrio; e o abuso sexual leva fatalmente a desequilíbrios que implicam em correções ao longo das reencarnações.
Qualquer atitude extremista, pela liberação ou pela contensão, opera desarmonia e perturbação com lamentáveis consequências que se estendem após o desencarne, em processos de sombras e aflições.
Como sempre a Natureza, o retrato de Deus, nos dá exemplos para cada lição que devamos conscientizar: as águas que, embora represadas recebam um contínuo fluxo de suas nascentes, transbordam com graves consequências, quando as comportas não lhes deixam seguir o fluxo para espraiar-se pelos vastos campos; a chama indisciplinada que saltita irresponsável, pode tornar-se causa de incêndios calamitosos e devoradores; o pântano desprezado, em estagnação, se converte em abismo de morte que a todos ameaça.
Dessa forma, também o sexo indomado ou incorreto, constitui ameaça ao homem que o porta, fazendo-se grave problema sociológico e genético. Lembremos que o sexo é destinado aos nobres objetivos da vida, mas degenera-se, quando incompreendido, em fator aniquilante, comprometendo gerações inteiras. O sexo em desalinho, torna-se causa de conflitos diversos, geratriz de guerras e crimes.
Hoje, parece que vivemos na Terra a hora do sexo. O sexo vive na cabeça das pessoas, parecendo haver saído da organização genésica onde se sedia. Naturalmente, o pensamento é força atuante e desencadeadora da função sexual. Estímulo sexual excessivo reduz o indivíduo apenas às imposições reais ou estimuladas do sexo em desalinho, conforme vem acontecendo, transformando o homem em escravo dessa função pervertida pela mente e atormentada pelas fantasias mórbidas.
Este, infelizmente, é o panorama que prevalece na Terra: vive-se mais em função do sexo do que ele em função da vida; pensa-se, fala-se, cultiva-se o sexo como se o ser humano fosse destinado unicamente à função sexual, sem outro objetivo; por isso, o desespero e a anarquia moral campeiam soberanos.
Compreendamos, pois, que o sexo reside na mente como uma necessidade biológica, criada pelo próprio Deus (Natureza), e vai expressar-se no corpo espiritual, o gestor de nossas ações, e consequentemente a expressão no corpo físico. Este deve ser um santuário de amor frente à vida e, em razão disso, ninguém pode escarnecer dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer ou desarmonizar a si mesmo.
Ouçamos os conselhos espirituais importantes para a melhor administração dessas forças instintivas do sexo: utiliza o amor, na elevada expressão do companheirismo e permuta com a alma que elegesses para caminhares na vida, a tua expressão de saúde vital e moral, tecendo sonhos de ventura indestrutível para o futuro imortal; não te deixes conduzir pelas falsas e imaginosas conjecturas da emoção em desequilíbrio, que podem ser inspirados do mundo espiritual pelos atentos verdugos da paz, desencarnados que nos seguem atraídos por nossos pensamentos de conúbios amorosos de ilicitude, justificando tardios reencontros espirituais, em consequente deserções do dever; não te afastes do compromisso assumido, alegando necessidades de libertação sem avaliar a responsabilidade moral; saibas que o cumprimento do compromisso conjugal é uma forma de castidade libertadora; a situação que vives e desfruta é a que merece, e aproveitá-la sabiamente é a honra que disputas; e, se encontrastes no ideal que defendes o campo de estímulos fraternais para a nobre preservação dos deveres elevados do sexo que acalentas, cultua o trabalho e o bem, convertendo suas disponibilidades em energias nervosas revigorantes, para que a virtude da caridade, essa venerável ginástica do espírito, te conceda os louros sobre a luta que travas na intimidade.
Finalmente, guardemos essa grande lição espiritual: nosso sexo pode ser comparado aos nossos olhos, requerendo idênticos e especiais cuidados. Para que vejamos, é necessário que o raio de luz atinja a câmara óptica. Para que vivamos equilibrados, servindo a Jesus, deixa que os fortes estímulos do nosso equilíbrio sexual, como luz de harmonia interior cultivada na dignidade evangélica, atinjam a câmara da tua visão espiritual, oferecendo-nos panoramas jamais antes imaginados, como libertação real e ascensão legítima, a que aspiramos.
Mas, se no exercício da renúncia sexual que te dedicas, isso te deixa triste e hipocondríaco, não vaciles em obedecer a prescrição de Paulo de Tarso: “Mas, se não podem conter-se, casem-se. pois é melhor casar do que abrasar-se. (I Cor 7;9)”. Entender aqui o casar, como uma forma de liberar os instintos sexuais dentro de um compromisso moral com o parceiro envolvido.