Todos que conhecem Cristo e suas lições, que entendem ser importante seguir o seu Evangelho, devem coordenar seus pensamentos dentro das circunstâncias em que vive e ter um comportamento coerente. Mas alguma coisa diferente acontece, algum pensamento intruso invade a mente do cidadão e pessoas que dizem ser cristãos, terminam defendendo ideias opostas. A partir dessa situação, os grupos com pensamentos e posicionamentos deferentes passam a cristalizar as suas convicções sobre o que decidiram ser certos, e passam a criar argumentos até fora da realidade para defenderem seus pontos de vistas e até atacarem quem são seus opositores, mesmo que estes tivessem sido e ainda considerados como amigos.
Eu também me considero cristão e estou colocado dentro de uma corrente política que defende um candidato por ele demonstrar pensamentos e comportamentos compatíveis com os que eu teria, comportamentos que seriam mais aproximados a este candidato do que aos outros seus concorrentes. Não quero afirmar aqui que eu esteja absolutamente correto e meus opositores enganados. Sei que posso estar errado e isso me deixa na condição de sempre avaliar de forma crítica todas as informações que chegam até a mim. Alguma delas podem fazer com que o meu racional veja a necessidade de mudar de posição, para manter a minha coerência com o pensamento cristão que considero superior e uma trilha comportamental a ser seguida.
Coloco o exemplo de que, em 2002, fui eleitor de Lula da Silva para a presidência do Brasil. Acreditei na sua promessa de presidir o Brasil com ética e solidariedade com a população, principalmente a mais pobre e necessitada. Porém, logo foi descoberto que os seus auxiliares mais próximos estavam envolvidos com o escândalo que ficou conhecido como Mensalão, pagamento de propinas a deputados para eles votarem de acordo com a vontade do chefe. Todos sabiam que o chefe era o presidente eleito, o Lula da Silva, mas os seus auxiliares fizeram de tudo para o proteger e o próprio sempre dizia que não sabia de nada. A coerência dentro do racional de cada brasileiro, inteligente e independente, dizia que essa posição de inocência não era possível, que estava havendo uma tentativa de ocultar a verdade com omissões e mentiras. Esse tipo de comportamento da nova elite de esquerda que dirigia o país, não estava mais sintonizado com o pensamento cristão, que sempre defende a honestidade e a verdade. Feito esse diagnóstico, qual seria meu posicionamento enquanto cristão, que considera a filosofia do Cristo superior a qualquer outra? Claro, eu teria que me afastar dessas pessoas que ajudei a eleger.
No entanto, muitos cristãos não tiveram esse mesmo comportamento. Pior, mesmo sabendo que dentro dessa militância de esquerda, existiam diversas pessoas que não acreditavam na divindade do Cristo, não respeitavam suas lições e até renegavam o Evangelho e toda simbologia associada a ele. Atitudes que por si só deveriam causar verdadeiro escândalo na mente dos cristãos, são por alguns tolerados por estarem dentro de uma ideologia que eles acreditam estar correta.
Faço agora a pergunta... estou sendo incoerente com o pensamento cristão quando desenvolvi o meu afastamento do pensamento e das ações dos militantes de Esquerda que estavam assumindo os principais cargos gerenciais do meu país?