Neste tempo de campanha política, tão carreado de narrativas que tentam denegrir um ou outro candidato, li uma suposta carta de um pai para a sua filha que apresenta os seus argumentos enquanto militar. Não posso garantir a veracidade de todos os fatos, como acontece com todas as narrativas. Sempre existe um tom um tanto distorcido sobre os fatos apresentados, na intenção de beneficiar ou prejudicar A ou B. Por isso temos a obrigação de ler qualquer narrativa com o sentido crítico e aplicando o máximo de coerência dentro da nossa consciência, para não nos deixar envolver com as mentiras, seja de qual lado for.
Mas, vejamos o que diz a carta:
Carta de um pai militar para a sua filha.
Minha filha,
Sei que você tem sido ativa nas redes sociais divulgando-se contrária a #elesim e possivelmente vota na Esquerda.
Embora não concorde, respeito profundamente suas opiniões e seu direito de se expressar da maneira que achar melhor, mas preciso lhe contar algumas coisas.
Na USP, sua Faculdade, você ouviu falar muito sobre os militares serem fascistas, antidemocratas, etc., mas quero lhe dizer que nunca conheci em minha vida um lugar mais democrático que as Forças Armadas, em especial a AMAN, onde vivi os mais duros e melhores anos de minha vida, mesma escola onde também foi formado #elesim.
Naquela casa, todos sem exceção, eram tratados de forma igualitária, sem distinção de etnia ou classe social. Dormíamos em apartamentos coletivos, negros brancos, índios, filhos da alta sociedade e gente da favela, acordando cedo, estudando, ralando nos treinamentos que a maioria dos jovens da nossa idade não suportaria. O mérito, seja de quem fosse, era valorizado, assim é que você conhece vários “tios” afrodescendentes ou com “cara de índio” que foram promovidos a general, a mais alta patente das Forças Armadas.
Na AMAN, o terror eram as instruções da SIEsp, onde aprendíamos técnicas de contra-insurgência, montanhismo, sobrevivência na selva e outros treinamentos muito duros. Nos momentos de dificuldades, mãos se estenderam para mim e eu não lembro da cor de nenhuma delas, pois estavam tão machucadas quanto as minhas. Alguns instantes depois era minha vez de encontrar energia onde eu nem sabia que existia para ajudar um outro companheiro, o qual também não lembro a cor ou classe social, pois ele estava tão sujo e fedido quanto eu.
Pois bem, em 1986, ano em que seu pai se formava, #elesim deu uma entrevista não autorizada à revista Veja (Ed. 939) falando dos baixos salários. Foi punido disciplinarmente por isto. No ano seguinte, a Veja publicou um artigo (Ed. 999) onde constavam alguns esboços de um suposto atentado a bomba à adutora do Guandu, que teria sido articulado por #elesim. Se esse atentado tivesse acontecido, o Rio de Janeiro ficaria imediatamente desabastecido de água, causando danos enormes. Novamente #elesim foi punido disciplinarmente e definitivamente despertou a ira do governo, que ainda vivia sob a sombra do recém terminado Regime Militar. Abriu-se um processo na Justiça Militar contra #elesim, no qual foi absorvido no Superior Tribunal Militar por falta de provas.
Um pouco depois outro capitão se insurge e faz um cerco à prefeitura de Apucarana-PR com sua companhia de infantaria, adentra na sala do prefeito e entrega um manifesto contra os baixos salários e péssimas condições de trabalho às quais os militares estavam submetidos. Também foi punido. Para você ter uma ideia, um ascensorista do Congresso Nacional ganhava muito mais que um tenente, não tínhamos dinheiro para nada, o salário acabava no dia 10 e vivíamos de empréstimos na Poupex e do Cheque Ouro do Banco do Brasil.
No quartel, não havia dinheiro para pagar a luz e o banho era frio. Para quem acha que militares não são democratas, o banho era frio, do soldado ao coronel.
Depois que esses dois oficiais se revoltaram, recebemos do Sarney um aumento tipo “cala a boca”. Você estava por nascer e esse dinheirinho veio bem a calhar, embora o ascensorista do Congresso ainda ganhasse mais que seu pai, piloto de helicópteros.
Voltando a matéria da Veja sobre o atentado do Guandu, não sei se #elesim estava realmente envolvido, pois nada foi comprovado. Mas sei que boa parte dos fundadores deste partido que se opõe a #elesim confessam publicamente que participaram ativamente de atentados a bomba, assassinatos, roubos e outros crimes nas décadas de 60 e 70, com motivações que, sem julgamento de mérito, eles acreditavam serem justas.
Quem está certo ou errado? Você tem uma opinião e eu provavelmente outra.
Quando você veio, começamos pouco depois a pagar prestação de um pequeno apartamento. Este você já se lembra, pois vivemos muitos anos nele. A prestação nos consumia mais da metade do salário, que continuava péssimo. Tínhamos um Fiat 147 velho, que fundiu o motor e não pudemos consertar por falta de dinheiro, ficando encostado por meses na garagem. Eu deixava de tomar o iogurte ou comer a maça que de vez em quando eram oferecidos no café da manhã lá do quartel, para levar para casa no fim do dia e dar para você e sua mãe, que puxava no que podia para fazer comida, limpar a casa, cuidar de você e de sua irmã já na barriga. Foi uma heroína. Mais tarde acabamos nos separando por outros motivos, mas saiba que tenho o mais profundo reconhecimento e respeito por ela.
Nesse tempo, #elesim já estava na política e continuava a esbravejar contra as péssimas condições a que os militares eram submetidos, enquanto outras carreiras se refestelavam com altos salários. E mesmo ganhando muito menos que o ascensorista do congresso, eu continuava cumprindo minha missão, voando de helicóptero nas fronteiras da Amazônia, levando tiro das FARC, essas mesmas que as esquerdas brasileiras acenam dom gracejos hoje em dia. Nem você nem sua mãe nunca souberam disso. É a primeira vez que comento. Peço aqui seu perdão por todas as minhas ausências em sua infância... eu estava lutando pela democracia, tanto quanto se dizem as lideranças atuais da oposição a #elesim.
O fato é que #elesim, lá atrás, deu sua cara a tapa para que eu, jovem tenente, pudesse ter melhores condições de criar você. E diferente de você, que se formou com professores comunistas na USP, conheço os princípios morais que #elesim aprendeu na AMAN. Talvez não tenha sido o mais brilhante e disciplinado oficial de sua turma, mas foi forjado nos mesmos Campos de Membeca, teve suas mãos surradas e machucadas nas mesmas operações de treinamento que eu, e ombreou os companheiros de seu tempo, índios, negros, ricos, pobres, como eu, aprendendo que “Ser cadete é cultuar a Verdade, a Lealdade e a Probidade”, coisas que o partido que se opõe a #elesim e boa parte dos seus professores na USP nem sabem o significado real.
Talvez por tudo isso eu me sinta mais tranquilo em votar #elesim, sem medo de que represente algum perigo contra as instituições democráticas, pois não foi isso que aprendemos na AMAN.
Entendo que você tenha seus receios, o que respeito, mas se o que escrevi acima não é suficiente para te explicar o porquê de meu voto #elesim, acho que devemos concordar que a oposição não pode oferecer algumas coisas, por simples definição ideológica:
1 – Temor a Deus, porque comunistas são ateus, muito embora o pragmatismo revolucionário os tenha ensinado que não podem falar disto abertamente;
2 – Amor ao Brasil, porque o comunismo tem e sempre teve o objetivo de criar uma pátria grande (Foro de São Paulo, empréstimo de nosso dinheiro a Cuba, Venezuela, etc.);
3 – Respeito a família, porque no comunismo, as pessoas devem ser tuteladas pelo Estado forte, que se sobrepõe à autoridade dos pais.
A propósito, mesmo que no seu tempo de criança não existisse a Lei das Palmadas, nunca levantei minha mão contra você e não seria agora que o faria, nem com gestos, pois palmadas já não cabem numa mulher adulta, nem com palavras, pois te amo e te respeito profundamente.
Por fim, desejo a você uma boa eleição no 2º turno e que seus filhos possam ter um País do qual se orgulhem. Assim como quando combati a guerrilha narco-comunista como tenente e capitão, o que me fez ausente em parte de sua infância, continuarei cumprindo a missão... #elesim. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
Pode ser que os fatos não tenham acontecido como descrito, que o autor tenha usado mais a imaginação do que a realidade, mas que tem grande coerência dentro do que vivemos, tem sim!