Fui convidado para fazer uma palestra no Núcleo Espírita Caminho da Redenção (NECRE), em Macaíba-RN, ontem, dia 11-11-18. O tema da palestra era “Loucura e Suicídio” dentro do Simpósio “Em Defesa da Vida”.
O colega que me antecedeu falando sobre “Depressão e Suicídio” deu uma boa explicação sobre os processos mentais que acontecem no desenvolvimento da depressão e que levam ao suicídio, fazendo uma boa base para aquilo que eu iria falar.
O termo “Loucura” hoje é considerado como pejorativo, procuramos falar em Transtornos mentais que envolve as doenças mentais e que dentro delas podemos encontrar diversos diagnósticos que podem levar a “loucura” (alienação mental): Psicoses com suas alucinações e delírios, depressão e/ou mania, demências, retardos, transtornos de personalidade... entre os transtornos mentais classificados pela Classificação Internacional de Doenças – 10ª Revisão (CID-10), vamos observar que o maior risco de suicídio, consciente, está na Depressão Grave. Digo “consciente” pois aqueles que cometem o suicídio, mas apresentam um quadro fora da realidade, de alienação mental, não se pode dizer que cometeu o suicídio usando a sua inteligência para praticar o ato.
A prevenção contra o suicídio consciente passa pelo desenvolvimento psíquico da calma, resignação e confiança no futuro. Quando a pessoa adquire uma calma e resignação frente as vicissitudes da vida, isso se torna tão úteis à saúde do corpo quanto da alma. Enquanto se ficasse dentro de sentimentos como revolta, ciúme, inveja, ambição, ficaria entregue voluntariamente à tortura de suas misérias, aumentando as angústias de seus sofrimentos.
Tenho o exemplo de um paciente que atendi semana passada no consultório; havia ido na companhia da mãe e esposa. O paciente entrou no consultório num quadro extremo de desconfiança em tudo ao seu redor, olhava com medo toda a ambientação da sala, não conseguia organizar suas funções mentais superiores para dar respostas inteligentes, mesmo a questões básicas de sua identidade pessoal. Havia passado por perseguições e excesso de trabalho no ambiente militar onde ele servia como sargento. Passou a ter perda da confiança em si mesmo, medo exagerado e daí surgiram os sintomas psicóticos como alucinações, delírios, paranoias, ideias de suicídio, que o deixavam alienado da realidade. Não conseguiu suportar as vicissitudes da vida e despencou num quadro depressivo e psicótico extremamente grave.
Podemos observar dois paradigmas de vida que implicam ou não no suicídio: o primeiro é o paradigma materialista, que não crê na eternidade e julga que na morte tudo se acaba. Ver assim no suicídio uma solução para seus problemas; o segundo é o paradigma espiritualista, onde a pessoa está certa que só é desventurado por pouco tempo, frente a eternidade, e se enche de paciência.
Portanto, podemos ver como estímulos para o suicídio a incredulidade, as ideias materialistas, quando pessoas de ciência se esforçam para provar que nada existe depois da morte, que se são desgraçados é melhor morrer, que nenhuma esperança podem ter a não ser o nada, por isso devem procurar a morte mais rápido para sofrer menos.
Por outro lado, os fatores preventivos do suicídio têm um forte componente no conhecimento do mundo espiritual, tão bem demonstrados pela Doutrina Espírita, que levam a pessoa a compreender que a vida se prolonga além do túmulo, e essa verdade faz emergir dentro da pessoa a coragem moral para enfrentar os seus males. Os próprios suicidas vêm informar a situação desgraçada em que se encontram e provam que ninguém viola impunemente a Lei de Deus que proíbe ao indivíduo encurtar a própria vida. Os suicidas podem passar a entender que mesmo os sofrimentos que passam, não sejam eternos e sim temporários, não são menos terríveis, e fazem refletir aos que estão encarnados e pensam em suicídio.
Dessa forma, quem estuda o mundo espiritual com as lições da Doutrina Espírita, tem bons motivos contra o suicídio: certeza de uma vida futura; será tanto mais ditoso quanto mais resignado tenha sido na carne; certeza que abreviando seus dias, chega a um resultado oposto ao que esperava; que se liberta de um mal, para incorrer num mal maior, mais longo e mais terrível; que se engana, imaginando que o matar-se vai mais depressa para o céu; e que o suicídio é um obstáculo a que no mundo espiritual ele se reúna com as pessoas queridas que esperava encontrar.
Com essas informações, podemos concluir que, quando todos os homens conhecerem o mundo espiritual e a Lei de Deus, deixará de haver suicídios conscientes.