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14/01/2019 02h01
ASSASSINO ECONÔMICO (8) – NOVO IMPÉRIO

Continuação da entrevista com o economista John Perkins.

            E assim criamos um império mundial, mas isso foi feito muito sutilmente, clandestinamente. Todos os impérios do passado foram criados militarmente, e todos os povos sabiam que ele estava sendo criado. Os britânicos, os franceses, alemães, romanos, gregos, eles tinham orgulho disso e sempre havia alguma desculpa, como levar a civilização ou uma religião. Mas todos sabiam que isso estava acontecendo! Nós não! A maioria do povo americano não faz ideia de que vive às custas de um império clandestino, que hoje em dia há mais escravidão no mundo do que em qualquer outra época. Então, nos perguntamos: se isso é um império, quem é o imperador? Obviamente, não são os presidentes dos EUA. Um imperador não é eleito, não tem tempo de mandato e não dá satisfações a ninguém. Não podemos classificar os presidentes assim, mas temos o que considero um equivalente, que é o que chamo corporatocracia, de indivíduos que gerenciam as grandes empresas, e eles realmente agem como os imperadores, desse império. Eles controlam a mídia direta ou indiretamente através da publicidade, controlam a maioria dos políticos pelo financiamento de suas campanhas, tanto através das corporações quanto por doações pessoais. As corporações não são eleitas, não cumprem um tempo de mandato ou dão satisfações, e no topo da corporatocracia, você não consegue saber se os líderes trabalham para as corporações ou para o governo, pois eles sempre estão trocando de posição. Você tem alguém que uma hora é presidente de uma grande construtora, como a Halliburton, e em seguida ele é o vice-presidente dos EUA, ou é um presidente que vem do ramo petroleiro. Isso vale para republicanos e democratas, pois ambos têm líderes indo e vindo entre as áreas. De certa forma nosso governo é invisível a maior parte do tempo, mas suas políticas são aplicadas pelas corporações, em um nível ou outro, e novamente as políticas do governo basicamente são criadas pela corporatocracia e apresentadas pelos líderes políticos, criando uma relação muito profunda. Isso não é uma teoria da conspiração, essas pessoas não se reúnem e ficam tramando, todos trabalham a partir de uma premissa básica que é a maximização de lucros sem considerar os custos sociais e ambientais. “Maximizar lucros, independente do impacto social e ambiental”.

            Identificamos assim dois pilares de condução do destino humano: a política com os discursos ideológicos mais convenientes a cada forma de pensar e de influenciar o povo; e a corporação, ente produtivo com intenção de gerar lucros de forma mais ampla possível. Em ambas as situações podemos criar impérios. Quem opera um ou outro desses dois pilares é sempre o ser humano, com toda sua carga de animalidade, egoísmo, dentro do seu psiquismo. Observamos que o homem geralmente não se encontra dentro de um ou outro, geralmente ele está em ambos, funcionando dentro da operacionalidade de ambos. Se é político oferece suas ideias aos eleitores e ao mesmo tempo recebe doações das corporações, e logo depois de eleito deve mostrar gratidão. Se administra uma corporação, percebe que para maximizar os seus lucros deve se aproximar do político e cooptá-lo com mecanismos de corrupção. Esta simbiose entre corporativista e político, sempre irá alimentar o lado egoísta do comportamento humano. Apenas quem pode se contrapor a tal desvio, seria os princípios cristãos devidamente incluídos nas propostas de governo, colocando obstáculo à aproximação corruptora das corporações. Neste sentido é que observamos com otimismo a nova administração que assumiu o poder político no Brasil, pois colocou com bem ênfase os valores cristãos dentro dos diversos setores da administração.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/01/2019 às 02h01