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19/01/2019 02h01
ASSASSINO ECONÔMICO (11) – TERRORISTA

Continuação da entrevista com o economista John Perkins.

O mundo está sendo dominado por um punhado de negócios poderosos que controlam os recursos naturais que precisamos para viver, enquanto controla o dinheiro que precisamos para obtê-los. O resultado final será um monopólio mundial, baseado não na vida humana, mas em poder corporativo e financeiro.

Conforme a desigualdade cresce, claro, mais e mais pessoas se desesperam, então o sistema foi forçado a criar um novo modo de lidar com quem desafia este sistema. Assim nasceu o “Terrorista”.

O termo terrorista é uma descrição vazia, dada a qualquer pessoa ou grupo que escolhe desafiar o “establishment”. Isso não deve ser confundido com a fictícia Al Qaeda, que é na verdade o nome de um banco de dados criado pelo Mujahadeen com apoio americano nos anos 80.

“Na verdade, não existe nenhum exército terrorista islâmico chamado Al Qaeda e qualquer oficial da inteligência bem informado sabe disso. Mas existe uma campanha de propaganda para que o povo acredite na presença de uma entidade identificada. O país por trás dessa propaganda é os EUA”.

Em 2007, o Departamento de Defesa recebeu 161,8 bilhões de dólares para a chamada guerra global contra o terrorismo. De acordo com o Centro Nacional Antiterrorismo, em 2004 cerca de 2000 pessoas tinham sido mortas intencionalmente em razão de supostos atos terroristas. Desse número, 70 eram americanos. Usando esse número como uma média, o que já é muito generoso, é interessante notar que o dobro de pessoas morre de alergia ao amendoim por ano, comparado com o terrorismo. Ao mesmo tempo, a causa principal de mortes nos EUA são doenças coronárias que matam cerca de 450 mil por ano. Em 2007, os fundos destinados pelo governo para pesquisa nessa área foram cerca de três bilhões de dólares. Isso quer dizer que em 2007, o governo dos EUA gastou 54 vezes mais dinheiro prevenindo o terrorismo do que gastou prevenindo a doença que mata 6.600 vezes mais pessoas por ano do que o terrorismo. Ainda assim, os nomes terrorismo e Al Qaeda estão obrigatoriamente estampados em todos os jornais ligados a qualquer ato realizado contra interesses dos EUA. O mito se expande!

No meio de 2008, o Procurador Geral dos EUA chegou a propor que o congresso americano declarasse oficialmente guerra à fantasia, para não falar que até julho de 2008 existia mais de um milhão de pessoas na lista de terroristas monitorados dos EUA. Essas “Medidas Antiterrorismo”, naturalmente não tem nada a ver com proteção social e tudo a ver com preservação do sistema enquanto cresce o sentimento antiamericano dentro do país e internacionalmente, o que é legitimamente baseado na expansão gananciosa do império corporativo que está explorando o mundo.

Nesse ponto, minha racionalidade entra em certo confronto com as ideias do autor do texto, com o economista e analista político. Ele tenta mostrar o interesse deslocado para o controle dos “terroristas” enquanto casos bem mais graves, que causam bem mais mortes, não tem uma atenção equivalente. Tenho a impressão que se o governo não tomar essas providências quanto o “terrorismo”, eu me sentiria muito mais inseguro em ser vítima de algum ataque que não foi devidamente previsto. Enquanto as doenças, eu posso cuidar da prevenção ou usar medicamentos para atenuar as crises e a progressão da doença. No entanto, não posso fazer o mesmo com as pessoas que atacam de forma sorrateira o ser humano para mostrar a boa relação com suas ideologias. Jesus é o exemplo perfeito para essa situação. Jamais usou de violência para ensinar suas lições e foi assassinado pelos interesses corporativos do templo. Enfim, acredito que o investimento alto no combate ao terrorismo é necessário para dar segurança a nós, cidadãos pacatos e que vivemos desarmados, eternamente do medo de alguém armado entrar em nossas casas, ou nos ameaçar dentro do carro,, nas estradas, sem nada podermos fazer.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/01/2019 às 02h01