Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
Os verdadeiros terroristas do nosso mundo não se encontram no escuro à meia-noite ou gritam “Allahu Akbar” (Alá é grande) antes de um ato violento. Os verdadeiros terroristas usam ternos de 5 mil dólares e trabalham nos mais altos cargos das finanças, do governo e das empresas.
E então, o que fazer? Como paramos um sistema de ganância e corrupção que tem tanto poder e impetuosidade? Como paramos esse comportamento grupal aberrante, que não tem compaixão por, digamos, os milhões massacrados no Iraque e no Afeganistão para que a corporatocracia controle recursos energéticos e a produção de ópio e gere lucro em Wall Street?
Antes de 1980, o Afeganistão produzia 0% do ópio mundial. Depois que o Mujahadeen ganhou a guerra com a URSS com apoio da CIA e EUA, eles passaram a produzir 40% da heroína mundial em 1986. Em 1999, eles estavam produzindo 80% do total no mercado. Mas então, algo inesperado aconteceu. Os talibãs subiram ao poder e em 2000, já haviam destruído a maioria dos campos de ópio. A produção caiu de 3 mil toneladas para apenas 185, uma redução de 94%. Em 9 de setembro de 2001, os planos de invasão do Afeganistão estavam na mesa do presidente Bush. Dois dias depois, eles tinham uma desculpa (ataque as torres gêmeas). Hoje, a produção de ópio no Afeganistão controlada pelos EUA fornece mais de 90% da heroína do mundo, quebra de recordes de produção todo ano.
Como paramos um sistema de ganância e corrupção que condena populações pobres à escravidão nas fábricas em benefício da avenida Madison? Ou que arquiteta ataques terroristas falsos com o propósito de manipular? Ou que cria “Modos Embutidos” inerentemente explorados de operação social? Ou que reduz sistematicamente as liberdades civis e viola direitos humanos para se proteger da consequência dos seus próprios atos?
Como lidamos com as inúmeras instituições encobertas, como o Conselho das Relações Internacionais, a Comissão Trilateral, o Clube de Bildenberg e outros grupos eleitos de forma não democrática, que a portas fechadas, se reúnem para controlar os elementos políticos, financeiros, sociais e ambientais de nossas vidas?
Para encontrar a resposta, primeiro devemos encontrar a causa principal, pois o fato é, que os grupos egoístas, corruptos e famintos de lucro não são a fonte do problema. Eles são sintomas
A conceituação de “terrorista” para as corporações, parece forte, mas não deixa de ser bem aplicada. O terrorista é aquele que desenvolve atos de terror, de aniquilação do próximo sem nenhuma consideração, desde que sua ação o beneficie e fortaleça seu ideal. A corporações, pelos seus modos de agir, em busca do lucro cada vez maior, a qualquer custo... e esse custo implica no sofrimento de milhares de pessoas em determinadas situações. Pode ser que a ação das corporações não causem derramamento de tanto sangue como é a ação terrorista. Mas, com certeza, abrange muito mais vítimas.