Série da Netflix.
A cena volta ao México. Entrevista com o jornalista Jacson.
- T. Está tarde. Espero que tenha respondido todas suas perguntas?
- J. Obrigado.
- T. Escute, Jacson. Se decidir continuar... volte. De hoje em diante você é bem-vindo nesta casa.
O jornalista sai, o caseiro fecha o portão, Trótski vai para a cama, deita e ouve vozes do passado?... “Você está indo embora, mas... voltaremos a ficar juntos? Sim, claro”. De repente a casa é metralhada por seis homens fortemente armados... enquanto Trótski continua ouvindo as vozes, indiferente aos tiros. “Está cansado, Leon? Estou, Alexsandra, querida”. “Papai, estou aqui! Papai, não me deixe! Pai! Pai!” Alexsandra cobre o corpo do marido como se quisesse o proteger e o que de fato acontece. Ele escapa ileso do intenso tiroteio. Natália entra apavorada no quarto do marido.
- N. Leon, você está vivo?
Trótski abre os olhos e termina o primeiro episódio da série.
Esta última cena deste primeiro episódio, mostra uma retrospectiva da vida do revolucionário, um homem de princípios éticos, caráter firme, mas sem suficiente flexibilidade social. Isso o tornava intolerante com perfil agressivo. Assustava os seus colegas, apesar desse tipo de comportamento ajudar a controlar as massas pelo medo, já que elas não tinham educação e informações suficientes para tirarem suas próprias conclusões do momento político. Isso implicava em assassinar inocentes para passar a lição. Agora, exilado, vive sofrendo constante perseguição de seu ex-companheiro, Stalin, que tem uma visão diferente da sua: enquanto Trótski pode ser considerado um genocida por uma causa maior, Stalin é outro genocida por uma causa menor, mas ambos, como Trótski já avaliava, são dois monstros. O que chama atenção é que esse perfil monstruoso desses ícones da revolução socialista não surge na consciência dos povos. Mais uma vez a influencia da propaganda, construindo narrativas do interesse dos seus patrocinadores, levam à ilusão ao imaginário popular e deixa as pessoas hipnotizadas por cenas que elas não têm condições de contestar com o uso da verdade ou pelo menos da coerência. Sentimos isso aqui no Brasil, quanta energia é colocada nesses movimentos socialistas sem a preocupação dos seus participantes irem em busca da verdade do que está por trás de tudo, e que pode comprometer suas vidas e, talvez, estejam lutando por algo contrário as suas convicções mais íntimas.