A cena volta a enquadrar Trótski e Natália que caminham juntos enquanto conversam.
- N. Meu pai é um bom homem, mas é muito conservador. O que me esperava? Uma cela de ouro, um bom parceiro, uma porção de filhos... então, eu fugi. Para estudar na Europa.
- T. Os meus também não me entendiam. É ridículo, eu já sou adulto, mas ainda quero que ele tenha orgulho de mim e me entenda.
- N. Quando desobedecemos a nossos pais, traímos o amor deles?
- T. Talvez. Eu sei que tenho razão, mas ainda me sinto culpado. Um paradoxo.
Eles encontram Alexander que vem chegando em sentido contrário, em uma carruagem.
- A. Pare! Estou interrompendo?
- T. Nem um pouco.
- N. Nós fomos à festa. O Leon queria conhecer a vida europeia.
- A. Tenho uma surpresa para você, Trótski. Um presente.
Entrega um cartão para Trótski.
- T. O que é isso?
- A. Um mandato para o Congresso de Bruxelas. Lenin me disse em particular que quer que você participe do conselho editorial do Iskra.
- T. Mas eu...
- A. Foi o que ele disse. Até logo.
Alexander dá um toque para se retirar, Trótski fica a ler o cartão com um ar de riso, enquanto Natália também se retira.
Chama a atenção a opinião de duas pessoas adultas, bem definidas, sobre a opinião dos pais e como se sentem em relação a isso. A confissão de Trótski que desobedeceu aos pais, por se comportar como queria, pois sabia que tinha razão, e isso ainda o fazer sentir como culpado, é um interessante paradoxo. Inconscientemente, será que ele se considera tão certo? Digo assim, pois eu, discordei e agi diferente do que meus pais queriam, mas isso nunca me deixou arrependido, culpado, mesmo sendo em questões tão sérias dentro da cultura aceita popularmente. Talvez porque, o que eu defendia e agia com coerência, estava associada a vontade de Deus que considero o Pai acima de todos os pais, assim como Francisco de Assis. Trótski não considerava este Pai.