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10/02/2019 02h01
CÍRCULO DO MAL DE HITLER (02) – AMBIENTAÇÃO DO MAL

Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

II

            A história do círculo íntimo de Hitler começa nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial.

            Em um aeródromo no leste da França, o esquadrão alemão mais famoso de todos os tempos, o Circo Voador de Richthofen, aguarda sua próxima missão.

            Sete meses antes, eles perderam seu lendário líder, Manfred Von Richthofen, o Barão Vermelho. Mas um novo herói chegou para preencher o vazio. Um piloto de caça chamado Hermann Goring.

            Goring é um herói nacional. Na Primeira Guerra, foi um fantástico soldado de infantaria. Depois, tornou-se um excelente piloto. Ele abateu 22 aeronaves. E por isso, ele merecidamente ganhou a maior honra da Alemanha, a condecoração Blue Max.

            Na juventude, Goring era bonitão. E ele sabia se portar bem. Um homem de princípios e coragem física. Era uma pessoa impressionante de se conhecer. Era engraçado e sagaz. Era um líder nato, do tipo que você põe em uma sala de 20 pessoas e logo estará dando ordens às outras 19.

            Mas Goring enfrenta uma crise. Há rumores de que o imperador alemão está prestes a jogar a toalha. Mas Goring permanece firme. A guerra pode estar indo mal, e seu esquadrão reduzido à metade, mas ele não se renderá.

            Goring reúne seus homens e lhes diz para ignorarem os rumores derrotistas de que o cáiser os abandonará. Ele nunca faria isso. O cáiser seria fiel a eles, assim como eles eram ao cáiser, e permaneceria, pela glória e honra da pátria. Goring prepara seus homens para uma última batalha decisiva. Mas, mal a euforia diminui, chegam ordens para paralisar as operações aéreas na Frente Ocidental.

            Essa ordem foi um grande golpe para Goring. Significava que tudo pelo que ele lutou nos quatro anos anteriores, as batalhas, os combates aéreos, foi em vão. Eles perderam colegas, suportaram condições extremas, e tudo por nada. Tudo virou fumaça em 1918.

            O cáiser os abandonou e fugiu para a Holanda. A Alemanha está à beira da rendição. Parece que os ingleses, os americanos e os franceses vão vencer a Alemanha sem nem pisar em solo alemão.

            Para Goring e muitos alemães orgulhosos a notícia é devastadora. Há uma sensação de traição. Eles se sentiram traídos. Como pode ter acontecido? E o clima predominante era o de procurar por um culpado.

            Para Goring, a guerra não foi perdida pelos corajosos alemães em campo, foi abandonada por meio de covardes manobras de bastidores de políticos esquerdistas. Era o começo para Goring, assim como para milhões de alemães, da sensação de ter sido traído.

            Goring recebe ordens para entregar as aeronaves aos aliados, mas ele não pretende obedecer quem o traiu. Para não caírem em mãos inimigas, Goring instrui seus homens a voarem para casa e aterrissarem destruindo as aeronaves em solo alemão.

            Esse tipo de ação revela sua autoestima e autoconfiança, e a ideia de que pode ignorar regras que não se aplicam a ele.

            A Alemanha pode ter se rendido, mas Goring não se renderá. Mas a Alemanha para a qual Goring retorna é uma nação em crise.

            A ambientação de um país em guerra, facilita o encontro e o desenvolvimento de pessoas com o ego inflado capazes de dar livre fluxo aos pensamentos e sentimentos negativos, como ódio, vingança, desobediência, etc., que mesmo não tendo capacidade de livre expressão, podem ficar represados dentro do peito à espera de uma melhor ocasião.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/02/2019 às 02h01