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17/02/2019 01h01
CÍRCULO DO MAL DE HITLER (06) – AQUISIÇÃO DE DISCÍPULOS

Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

VI

            12 de setembro de 1919 – Cervejaria Sterneckerbrau

            No outono de 1919, em uma reunião do Partido dos Trabalhadores Alemães, um espião se esconde na multidão. Ele foi enviado pelo exército alemão para registrar os acontecimentos. Mas o jovem descobre que as visões anticomunistas e antissemitas são muito parecidas com as suas. Ele descobre que eles falam uma língua que ele entende.

            Inspirado, ele para de anotar e começa a falar para as pessoas dali. Ele percebe que sua voz é cativante. A cervejaria ficou em silêncio. Ele se levanta e fala, e todos ficam impressionados com esse homem que fala com tanta paixão e veneno também. Seu nome é Adolf Hitler.

            Eckart está maravilhado. Ele pula nas mesas e faz uma oratória fantasticamente fervorosa. E rapidamente Eckart percebe que ele é o homem certo. É o homem que os liderará adiante.

            Em Hitler, Eckart vê o homem que levaria sua mensagem ao povo, espalhando os ideais arianos além da elite metropolitana, talvez até inspirando uma nação inteira.

            Quando eles se conhecem, há uma atração mútua. Eckart usa a ideia de messias e diz, em termos menos dramáticos, que Hitler era um homem de grande visão e que poderia lidera-los. Ele faria coisas que outros não conseguiriam. Hitler e ele se deram bem, embora, de várias formas, eles fossem diferentes, pois Eckart era do tipo bom vivant, fumava e bebia, coisas que não interessavam a Hitler. Eckart gostou de Hitler ser um soldado comum e estar ali articulando claramente ideias das quais Eckart também compartilhava.

            Eckart não é o único que fica cativado por Hitler. No público, há um jovem universitário, Rudolf Hess.

            Rudolf Hess é muito jovem e impressionável, mas Hitler vê que ele fica fascinado por todas as suas palavras. De família rica, Hess foi um soldado corajoso e disciplinado durante a guerra. Ele também encontrou refúgio nas míticas políticas da Sociedade Thule. Assim que ouve Hitler, fica enfeitiçado por ele.

            Ele volta para casa e conta à namorada sobre Hitler. Ele deixa claro sua adoração por Hitler na longa descrição que faz das habilidades, do carisma e da qualidade messiânica do homem que conheceu. Foi o início do que quase se torna um caso de amor.

            O obcecado Hess se tornará um dos primeiros discípulos de Hitler e um membro fundador do seu círculo íntimo. Ele logo terá a companhia de outros. Entre eles está um problemático jovem de 19 anos, filho de professora. Seu nome é Heinrich Himmler.

            Himmler fez 18 anos nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial e ficou desesperado para provar seu valor como soldado. Mas era tarde demais.

            Uma das grandes frustrações de Heinrich Himmler era de ainda ser novo para servir na guerra. Era uma grande frustração para ele. Então ele tem ambição militar frustrada.

            Himmler, um ávido escritor de diários e colecionador de selos, foi uma criança doente. Era um jovem estranho, não era sociável, pode-se dizer que era reprimido sexualmente. Ele tinha um profundo complexo de inferioridade, que ele contornava sendo muito agressivo e muito destrutivo ao abordar as pessoas.

            O pai de Himmler tentava mantê-lo longe de problemas e o matriculou em Agricultura na Universidade de Munique. Mas a cabeça de Himmler é cheia dos mesmos mitos e monstros dos ocultistas Eckart e Hess, e sua abordagem da agricultura é bem diferente de seus colegas.

            Himmler é um homem misterioso em vários sentidos. Ele adorava mistério, o oculto. Ele adorava lendas.

            Himmler ficou obcecado pela ideologia de Blut und Boden, Sangue e Solo.

            A sociedade alemã voltaria suas raízes volkisch, populares, e se tornaria uma economia essencialmente agrícola. E também se tornaria uma raça de arianos biologicamente pura. E ao fazer isso, a Alemanha encontraria muita força e conseguiria criar um império.

            Para um jovem como Himmler, essas ideias quase mitológicas, raciais e biológicas tinham um grande apelo, e ele nunca pararia de idolatrá-las.

            Em breve, esse aspirante a soldado conhecerá o homem que fará seus sonhos se realizarem, dando-lhe a chance de lutar por seus ideais malucos.

            Vejamos como iniciou a hipnose de Hitler sobre os seus ouvintes: um discurso apaixonado, cheio de veneno e intolerância. Totalmente diferente do discurso do Cristo, apaixonado também, mas cheio de doçura, de verdade e solidariedade. Da mesma forma que Jesus, Hitler começou a angariar simpatias e a formar o seu círculo íntimo. Talvez não tenha chegado aos 12 discípulos ao mesmo tempo, como Jesus, mas o fato é que se formou ao redor dele um círculo das pessoas mais próximas que sintonizavam perfeitamente com suas ideias. Jesus ensinava a criação do Reino de Deus, cheio de compaixão, solidariedade e amor incondicional. Hitler lutava pela formação do mundo da raça pura, superior, ariana, que deveria ficar acima de todas as nações, intolerante com a raça impura, pela força das armas, da mentira, da intolerância.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/02/2019 às 01h01