Desde que o homem conquistou sua consciência racional, conceituou melhor a existência de um Criador, e pôde confrontar os instintos e decidir pelo que era ético, que deveria estar em conformidade com a lei que esse Criador determinou na Natureza, que se instalou, dentro desse conflito, razão x instinto, uma batalha espiritual.
Batalha espiritual porque é o espírito, consciente de sua existência e que habita um corpo biológico possuidor das estratégias instintivas para a sua sobrevivência, é quem vai fazer o enfrentamento necessário para conter as ações contrárias a lei de Deus.
A lei de Deus está escrita em nossa consciência, de acordo com o nível de conhecimento da verdade que adquirimos, e se expressa na forma do amor, amor incondicional.
Jesus foi enviando entre nós há 2.000 anos, para ensinar sobre esse amor incondicional, fazendo com que as forças do bem, aquelas sintonizadas com a vontade de Deus, tivessem condições de se desenvolver dentro da natureza humana.
Porém, o diabo, espírito ou gênio do mal, contra-atacou com suas armas. Lembrar que Jung, o famoso psiquiatra e discípulo de Freud, considerava que a luta de um alcoólico contra sua dependência era na verdade uma luta contra o espírito. Isso porque álcool em latim é “spiritus”, quase a mesma palavra para a mais alta experiência religiosa, bem como para o veneno mais depravador e degenerativo. Portanto, se explica a batalha espiritual, espiritum x espíritus: espírito nosso, divino, criado por Deus x espírito, externo, diabólico, colocado dentro de nós através das bebidas alcoólicas.
Sem a medicina encontrar até o momento um remédio para a cura do alcoolismo, por intuição divina os alcoólicos passaram a conversarem entre si, denunciando o próprio mal que era portador, e isso, parecido com a confissão católica, aliviava a pressão do mal e eles se sentiam fortalecidos para se manterem na abstenção do álcool.
Assim foi desenvolvido uma defesa contra esse mal: a irmandade de Alcoólicos Anônimos. Da mesma forma que foram criadas as diversas religiões cristãs, para divulgar o Evangelho e manter o homem afastado do mal instintivo representado pelo egoísmo, foram criados os diversos grupos de Alcoólicos Anônimos, para divulgar a literatura de AA e manter o homem afastado do mal do alcoolismo representado pela primeira dose.
Agora, tanto nas Igrejas quanto nos grupos de Alcoólicos Anônimos, é necessário que haja a participação daqueles que foram retirados das garras do mal e vivem uma vida de recuperação. É preciso que a mensagem de AA continue a ser divulgada, porém muitos passam a viver na indiferença, e deixam os grupos com salas vazias. É preciso que atentamos para isso, visitar os irmãos recuperados, e fazer algo para que eles sintam a sua importância dentro da irmandade.
Deve ser dito isso de forma significativa, falar das realidades que se vive a cada dia, dos problemas reais dentro da família, e dos problemas reais dentro da irmandade. Não é que seja obrigado um alcoólico em recuperação mostrar gratidão ao que a irmandade de AA fez consigo, mesmo porque Deus pode ter lhe colocado em alguma outra tarefa de igual importância.
O importante que todos saibamos da existência dessa batalha espiritual que acontece a cada dia de nossas vidas, e que nós, como soldados de Deus, resgatados das influências diabólicas, devemos nos posicionar para resgatar aqueles irmãos que continuam presos nos cativeiros do álcool. E, todos alcoolistas em recuperação, sabem onde é o quartel.