O recente imbróglio envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e seu Ministro Gustavo Bebiano, representa um escorrego do presidente nas lições evangélicas, as quais ele diz querer aplicar no seu governo.
Pois bem, se ele quer seguir as lições do Mestre dentro do mais alto cargo da nação, deve estudar e praticar as principais características dEle, como bem concluiu o psiquiatra Augusto Cury nos seus estudos: o Mestre não gravitava em torno das ofensas e rejeições sociais; pensava antes de reagir; era convicto no que pensava e gentil na maneira de expor os seus pensamentos; transferia a responsabilidade de crer nas suas palavras e segui-lo aos próprios ouvintes; vivia a arte do perdão; podia retomar o diálogo a qualquer momento com as pessoas que o frustravam; não fugia dos seus sofrimentos, mas enfrentava-os com lucidez e dignidade; não reclamava nem murmurava; supervalorizava o que tinha, e não o que não tinha; não gravitava em torno da fama e jamais perdia o contato com as coisas simples; era sociável, agradável, relaxante; estar ao seu lado era uma aventura contagiante e estimulante; não esperava muito das pessoas que o rodeavam, nem das mais íntimas, embora se doasse intensamente por elas; tinha enorme paciência para ensinar e não vivia em função dos erros dos seus discípulos; nunca desistia de ninguém, embora as pessoas pudessem desistir dele; tinha enorme capacidade para encorajá-las, ainda que fosse com um olhar; usava os seus erros como adubo da maturidade, e não como objeto de punição; e sabia estimular as suas inteligências e conduzi-las a pensar em outras possibilidades.
Esse é o comportamento que o presidente cristão, de nome Messias, eleito com a bandeira do cristianismo, deve se esforçar para imitar. Mesmo que isso vá de encontro à sua natureza, instintiva, impulsiva, cujos traços passou para pelo menos um dos filhos, o presidente tem que se esforçar. Talvez seja mais fácil combater a corrupção, o inimigo externo, do que combater os inimigos internos. Podemos até ser solidários a sua incapacidade de vencer de imediato esses inimigos internos, pois todos nós sabemos o quanto é difícil essa luta. Mas o presidente tem que reconhecer dentro de si esses adversários que fazem ele se distanciar da imagem que passou na campanha e com a qual ganhou tantos votos e militância voluntária. Foi ela que encheu às ruas e dominou à mídia e mostrou como se constrói um presidente de fora, das ruas, para dentro, do palácio.
Sei que muitos cristãos, como eu, esperam que o presidente reconheça essa e outras falhas do seu comportamento, que o distancia do Mestre, e faça esse esforço hercúleo para se modificar, se moldar no espelho do Cristo. Talvez essa recuperação da personalidade seja mais difícil do que a recuperação da facada, talvez ninguém perceba que essa luta está se realizando no seu íntimo, mas com certeza, o Deus que favoreceu a sua vitória tudo percebe, e é a Ele que o capitão deve prestar contas de sua missão.