Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/03/2019 01h01
TRÓTSKY (24) – POSSE, PENETRAÇÃO... REVOLUÇÃO

            Série da Netflix, segundo episódio.

A cena se desloca para o trem que faz o retorno da palestra. Trótski está sozinho com Natália. Ela tira a luva... ele coloca os óculos sobre a mesa. Sem dizerem quaisquer palavras, Trótski a puxa para seu colo. Ela fica sentada de costas para ele, sobre suas pernas. Ele a abraça por trás, abre sua blusa, seus seios saltam para fora, ele os acaricia com ambas as mãos. Depois desce e puxa sua saia, se imagina a penetração por trás, pelos gemidos que ela faz. Ele coloca a mão sobre sua boca para que ninguém ouça os ruídos de dor e prazer de uma penetração sem muito ângulo. Nenhuma palavra nenhum deles diz.

A cena se desloca para outro ambiente, uma espécie de café ao ar livre onde estão sentados na mesma mesa, Natália e Trótski. Ambos estão um tanto constrangidos.

- N. Você é um rufião (pessoa que se mete em brigas por causa de mulheres).

- T. Sou revolucionário.

- N. Você foi rude comigo.

- T. Eu a fiz feliz com os meios que tinha.

- N. Este é o seu jeito de construir o mundo novo?

- T. Por que não? Se o resultado é o mesmo!

- N. Em que sentido?

- T. No sentido que fazemos todo mundo feliz no final.

- N. Todo mundo?

- T. Todo mundo.

- N. Não é convencido demais, camarada revolucionário? Você seduziu uma mulher fraca, agora espera que o mundo o deseje? Todo mundo?

- T. A nação é isso. Uma mulher fraca. As massas têm psicologia feminina. Vocês são passivas por natureza. Vocês esperam as ofertas dos homens e escolhem a melhor. As massas são iguais. Sobretudo as russas. Estas pessoas são como moças bem criadas: nunca dão o primeiro passo, mas quando veem um homem forte e confiante, deitam-se sob ele de uma vez.

- N. Como pode falar com tanto desdém da nação que quer fazer feliz?

- T. Não é desdém. Há um entendimento claro do material.

- N. Você tinha que ver sua cara. Eu só vejo desdém. Em letras maiúsculas.

- T. Por que desdém? As pessoas que toleraram a tirania durante séculos merecem certo desdém.

- N. E por quer lutar por aqueles que você desdenha?

- T. Já tive minha parte de desdém. Eu quero amá-los. Quero ver as pessoas que merecem amor. Ver rostos normais, lindos, felizes, sorrindo. Como o seu. Todos ao meu redor. Você não quer isso? Eu quero.

Será este um tipo de pensamento revolucionário? Comum a todo revolucionário? Tanto aos ativos como Trótski ou passivos como Lenin e seus amigos? Qualquer pessoa que tenha o ideal de trazer justiça e solidariedade à sociedade, possui esse tipo de pensamento?

Faço uma reflexão comigo mesmo. Também sempre nutri esse pensamento de trazer justiça e solidariedade para a sociedade. Foi o principal motivo de ter me filiado nos partidos mais à esquerda, como PDT, PV e PSB. Procurava uma forma de aplicar esse ideal dentro da sociedade, através da luta política.

Fiquei decepcionado com a forma do “fazer política”, muito longe do ideal grego e sempre colado às panelinhas, falcatruas, falsas narrativas. Não consegui me adaptar a tal comportamento, mesmo ouvindo a defesa de que os meios justificavam os fins. Cheguei, enfim, ao momento de me desencantar com a política e principalmente com os partidos de esquerda. Começo a perceber que nos partidos de direita, na ideologia liberal, não existe tanta iniquidade quanto nos partidos de esquerda.

Mas, será que o meu pensamento também tem essas características que Trótski citou? Comparando com o comportamento feminino?

Com relação a mulher, o meu comportamento seria idêntico, e acredito que com a maioria dos homens seja assim, mesmo que não tenham um pensamento tão revolucionário.

Agora, com relação a sociedade, confesso que nunca tive pensamento de tal forma, e da mesma maneira, acredito que a maioria dos homens não tenham. Pode ser que a maioria dos homens tenham um interesse de alcançar o poder e com isso tirar vantagens pessoais, e por isso me incluo entre a minoria, daqueles que não tem interesse de abusar do poder que alcança.

A sedução de um ente frágil, seja uma mulher, seja uma nação, não deve passar e continuar na cabeça de uma pessoa ética, principalmente se pretende seguir os princípios cristãos, de construir o Reino de Deus, com base na fraternidade e no amor incondicional. Com essa perspectiva, o pensamento de Trótski fica totalmente incompatível. Aí está a distorção do pensamento frente a moral cristã, mesmo que no fundo exista uma boa causa.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/03/2019 às 01h01