Na luta pela evolução, o espírito irá se defrontar, principalmente, com as forças do organismo biológico, traduzidas pelo egoísmo, que se diversifica por diversos ramos, como uma serpente de mil cabeças.
Dentre esses ramos ou cabeças, a mais terrível, considerando os relacionamentos humanos, é o ciúme. Se um veículo da evolução espiritual é a liberdade, o ciúme tende a prender a pessoa dentro dos interesses de outra. Essa tentativa leva inevitavelmente à desarmonia. Se o ciúme prospera, ou o relacionamento deve ser desfeito ou ele persistirá na base da desarmonia, baixando em muito a qualidade de vida dos envolvidos e incapacitando a evolução espiritual.
A tolerância é um aspecto que procura estabilizar a relação, mas essa também tem seus limites que devem ser respeitados, como vimos em texto publicado neste espaço há poucos dias. O espírito mais evoluído dentro da relação, percebendo a desarmonia, praticando a tolerância e não resolvendo, deve se afastar como forma de preservar o seu espírito. Se o amor desenvolvido pelo espírito que se afasta é na base da incondicionalidade, ele continuará amando a quem se afastou, procurando mostrar o motivo pelo qual partiu e a condição dele continuar o relacionamento: harmonia.
Somente terá condições o contexto de voltar à harmonia, se o ciúme for vencido sem deixar rastros de ressentimento, de mágoa. Para isso, o perdão deve ser aplicado em todas as direções, e isso é outro obstáculo difícil de ser superado por muitas pessoas.
O espírito mais evoluído, que não tem em si nenhuma carga de ciúme, e que tem de se afastar, não o faz sem consequências emocionais. Ele sofre também a dor do afastamento, mas reconhece que não pode comprometer a sua liberdade. Pode ainda temer a solidão, consequência do seu afastamento, mas essa é outra barreira que ele tem que vencer, viver sozinho e com qualidade de vida, sem culpa pelo sofrimento que deixou para trás em outras pessoas, pois, afinal, não foi ele que desencadeou a desarmonia com a força do ciúme, do egoísmo.
Por estar fazendo o bem a outras pessoas, pode esse espírito ser tachado de bobo, de ser utilizado por pessoas de má fé. Acontece que o espírito que pratica a bondade pode correr esse risco, mas se estiver ligado com Deus, procurando fazer a Sua vontade, com certeza, se isso estiver acontecendo, será para Deus procurando provar ou educar alguns dos seus filhos. Da mesma forma que Jesus, tanto sofreu na carne e no espírito, para ensinar à humanidade a forma de amar. Não era bobo nem estava sendo utilizado com malícia por outras pessoas, estava simplesmente fazendo a vontade do Nosso Pai.