Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XIX
ASSASSINO EM MASSA (cartaz apontando Hitler)
Sem Hitler, o Partido Nazista se fragmenta. Hesse disse: “Hitler é o partido, o partido é Hitler.” É uma boa expressão para usar como lema. Enquanto estava preso o partido continuou existindo, mas despedaçado. E os diferentes sujeitos nele lutavam pelo domínio do partido.
Mas o movimento não desmorona totalmente, e em meio ao caos político, recuperando-se da depressão e vendo a chance de deixar sua marca, Heinrich Himmler ressurge. Por um tempo ele se afastou da vida política, embora continue a ter interesse ativo em política de direita. Ele tenta se reintegrar ao movimento o mais rápido possível.
O atrativo de Himmler é ser trabalhador e inteligente. Em um partido de ideólogos e cabeças-quentes, Himmler realiza as coisas. É um homem muito meticuloso e exigente, e qualquer movimento político, por mais radical que seja, precisa de alguém muito capaz nos bastidores. Himmler assume papéis. É o homem “mão na passa” do partido. Eles passaram a dizer: “Himmler fará isso. ”
Após a renúncia de Hitler, o chefe bávaro nazista Gregor Strasser assume o papel de líder do partido. Logo Himmler torna-se seu vice. Com Strasser, bem como outros, trata-se em partes de ele manter o controle, mas também de estabelecer contatos que possam ser usados no futuro. E embora o partido ainda não seja a força política formidável que será, ele está provando ser inestimável.
Embora seja vice de Strasser, aos 24 anos, Himmler é o chefe nazista na prática na Baixa Baviera. E ele não é o único jovem ascendendo em meio ao caos.
Joseph Goebbels nasceu em 1897 em uma família de classe média baixa na cidade de Rheydt, na Renânia. Como Hitler, Goebbels também é um filhinho de mamãe mimado. Tinha dificuldades de fazer amigos. Quando jovem, passou por várias cirurgias no pé que o deixaram com uma deficiência permanente, e ele passou o resto da vida mancando ao andar. Então ele desenvolveu uma personalidade solitária, reservada. E assim como Hitler, Goebbels crê que merece mais, encontrando um bode expiatório para seus fracassos na Alemanha pós-guerra.
Goebbels é um jovem com um grande ego. Ele fez doutorado, escreveu livros não publicados e peças não produzidas, e tem uma estirpe muito virulenta de antissemitismo correndo nele. Inspirado pela exibição de Hitler no tribunal, o entusiasmo político de Goebbels é impulsionado quando, em 1924, ele viaja até Weimar para participar de seu primeiro comício da direita.
Tudo que passamos a associar com o ritual do Partido Nazista e seus encontros estava presente no comício. As bandeiras, os estandartes, o uniforme, a marcha, a entoação, as cantorias, os discursos feitos para públicos entusiasmados... a violência, o ataque a transeuntes... pessoas espancadas na ferroviária, bebedeira e convívio à noite... Tinha tudo isso lá. Embora ainda não seja membro do partido, ele mergulha na política de direita. Mas como evangelista deficiente, a arma de Goebbels serão as palavras. Ele arruma emprego em um jornal político mal das pernas, e escrevia o jornal todo. E, de repente, na cabeça dele, ele virou um jornalista com um trabalho adequado. Logo ele leva suas ideias às ruas, e descobre que tem outra coisa em comum com Hitler: sabe cativar o público. E aqui começamos a ver a extraordinária ética de trabalho que o guiou pelo resto da vida, pois combinava o trabalho jornalístico com discursos públicos. De início, para públicos menores e locais, mas aí ele descobriu que tinha talento para isso. E, em questão de poucas semanas, ele ganhou reputação de orador eficaz. E essa reputação se espalhou no Partido Nazista.
Nesse ponto observo uma diferença maior entre o Partido Nazista e o Partido dos Trabalhadores, e seus respectivos líderes, Hitler e Lula. O primeiro conseguiu um aliado de igual poder de oratória, que mantinha os ideais do líder que se encontrava na prisão. Com Lula foi diferente, não conseguiu nenhum aliado que pudesse conduzir com competência de oratória, os conchavos. Fez até uma tentativa com sua aliada a “presidenta” Dilma, que foi um desastre em todos os sentidos, desde o assassinato do português, até manter a continuidade da corrupção e a sua verve mentirosa de ex-guerrilheira. Era ele que de dentro da prisão tentava influenciar os destinos do partido, apesar de vozes inflamadas que se levantavam a seu favor, mas desta vez com a pecha da corrupção que atingia todos seus correligionários.