Moro numa cidade grande, uma capital, uma chamada selva de pedra. Fiquei a pensar nisso quando hoje ao dirigir para o trabalho, fui ultrapassado por um motociclista que olhou para mim por dentro de seu capacete com um olhar que identifiquei como perigoso. Logo veio os pensamentos de tantos casos de criminalidade, roubos, assassinatos, muitas vezes por motivos fúteis, e muitas vezes causados por pessoas em motocicleta, que parecem andar caçando pelas ruas outras pessoas mais fragilizadas para as tornarem suas vítimas.
Então, somos caçados? Por seres humanos como nós? Acredito que exista uma diferença. Se existe um caçador e a presa, entre eles deve existir alguma diferença.
Vamos ver... somos animais, nascemos com os instintos que todos os mamíferos possuem para sobreviver. Devido a nossa capacidade de racionalização, alcançamos um novo patamar psíquico onde o nosso pensamento não fica somente na luta pela sobrevivência. Alcançamos novo patamar psicológico com valores morais. Aprendemos a controlar nossos instintos e isso nos distancia cada vez mais da condição animal, pelo menos no aspecto psicológico.
Acontece que tem pessoas que não passam por esse processo de educação e permanecem a vida toda motivados pelos instintos animais. Dessa forma podemos distinguir, pelo menos racionalmente, dois tipos de seres: um que seria animalizado, pela falta de educação, e outro humanizado pela absorção da educação que recebeu.
Portanto, passa a existir na selva de pedra os seres animalizados, que não receberam educação moral, e os seres humanos devidamente moralizados. Os seres animalizados, as feras, vivem a caçar os seres humanos, os moralizados. Como devemos nos comportar? Como presas que pode ser alcançada a qualquer momento pelas feras.
Agora surge um dado interessante. Se vamos na selva, na natureza, é necessário que estejamos armados para nos defender do ataque de qualquer fera. No entanto, na selva de pedra, os as feras são bem mais sofisticadas e perigosas, algumas civilizações como a brasileira proíbe o porte de armas aos cidadãos moralizados. Consequência: quem anda armado pelas ruas, que por índole não tem nenhum respeito pelas leis, são as feras com aparência humana, colocamos grades nos comércios, muros altos, cães de guarda, cerca elétrica, toda parafernália de defesa, mesmo assim estamos indefesos, desarmados dentro de casa. Se uma dessas feras resolve invadir nossa casa, não temos nenhuma forma de reação, a não ser que exista em algum deles uma réstia de compaixão.
Esta é uma falha na racionalização dos seres humanos, que nos deixa fragilizados frente as feras. Interessante que as pessoas que defendem tal coisa, como presidentes, juízes, eclesiásticos, todos eles caminham com uma série de guarda-costas devidamente armados em sua defesa. Que doideira! E quem termina pagando por todo esse aparato de defesa, são justamente as coitadas vítimas das feras assassinas.