Viemos da Natureza, do barro da Terra, da forma que a Bíblia coloca de forma simbólica. Associado ao tempo, desenvolvi o meu atual corpo ao longo das eras, junto com todos os seres vivos, principalmente com os mamíferos com os quais tenho uma origem muito próxima.
Com o meu potencial, enquanto humano, de racionalidade mais desenvolvida, capaz de entender a existência de um Criador universal, um Pai para todas as coisas, materiais e imateriais, vim a entender que estou dentro de duas evoluções. Uma ocorre no campo material, biológico, representado pelo meu corpo, que ao longo dos milênios foi se aperfeiçoando e diversificando frente aos outros seres vivos, até chegar no estágio atual.
O outro nível de evolução é o espiritual, que se desenvolve naqueles que possuem uma racionalidade desenvolvida capaz de uma auto percepção e imaginação que ultrapassa os limites da materialidade. Que percebe a existência de uma instância imaterial, de maior importância, associada ao corpo e que tem necessidade de uma evolução de outra natureza, associada aos aspectos morais.
Esta é uma observação interessante que pode fazer um redirecionamento de nossos interesses e motivações, deixar de priorizar os aspectos materiais e considerar melhor os interesses espirituais. Mas como estamos fortemente ligados à matéria, somos instintivamente impulsionados para os interesses biológicos, de preservação e manutenção da vida física, mesmo que isso traga prejuízos à saúde do corpo, numa ação meio paradoxal. É como se o corpo focasse mais em seus prazeres, sem refletir sobre os prejuízos que isso pode causar, se for além do necessário.
Isso acontece com a alimentação. O ato da alimentação nos traz prazer, pois é uma atividade muito necessária à nossa sobrevivência. Isso geralmente leva ao exagero da alimentação para adquirir esse prazer. A pessoa deve manter o controle alimentar para não entrar em obesidade, que é problema de saúde.
Encontro-me neste estágio, onde vejo a necessidade de controlar esses impulsos instintivos, e o período da Quaresma serve de bom estímulo para manter um controle rígido sobre o corpo. Aproveito e, além do controle alimentar, com um jejum firme, também pratico exercícios físicos regularmente e intensamente.
Foi assim que decidi ir da Praia do Meio até o Morro do Careca, em Ponta Negra, cerca de 15 quilômetros. Correndo no início, andando da metade do percurso adiante. Durante a corrida, alternava com movimentos, como a marcha militar, forçando os pés para trás como se fosse o coice de um cavalo.
Daí veio a ideia de batizar esse período, onde meu corpo de comporta como um cavalo, de homem-cavalo, para dar uma sequência espiritual de acordo com os próximos movimentos que abordarei em seguida, com o título de homem-caranguejo e homem-anjo.