Nem só de pão vive o homem... A célebre frase dita por Jesus quando no deserto foi tentado por Satanás, nos faz refletir.
O pão é o clássico alimento do corpo. Quando Jesus fala assim, quer dizer que existe outros alimentos para a nossa vida, que não é o corpo a única instância que devemos alimentar para viver, e talvez não seja a mais importante.
Este ensinamento de Jesus é muito avançado para a época. Pouca gente compreenderia a existência de outra dimensão da vida que necessita de alimento especial, que é muito mais importante que o pão.
Como fazer uma pessoa que desde criança foi ensinada a sobreviver, a tudo fazer para conquistar o pão que alimenta o corpo, que não teve nenhum conhecimento da dimensão espiritual para onde vai a nossa consciência quando o corpo não consegue mais resistira a ação do tempo?
Certamente as pessoas vivem hipnotizadas pela existência física do corpo, como se esse fosse o seu próprio eu. Isso justificaria todo tipo de ação para dar todo conforto e segurança a esse corpo, inclusive aos seus frutos reprodutivos.
Quando Jesus responde à tentação de Satanás para que fosse transformado uma pedra em pão afim de atender à fome que lhe afligia por passar tanto tempo no deserto, o Mestre responde com toda a autoridade espiritual que possui, que não é ao corpo que está procurando aperfeiçoar naquele deserto. Portanto a tentação de transformar uma pedra em pão para atender a sua fome, não atende os critérios de aperfeiçoamento que ele estava tentando adquirir para iniciar sua missão.
Essa resposta atravessou os séculos até chegar aos nossos dias, mesmo assim parece tão obscura nos seus ensinamentos como antes. Podemos ler ou ouvir falar, podemos achar importante, uma prova de resistência frente à personificação do mal, a representação dos desejos da carne, mas não conseguimos entender que por trás disso está a importância que devemos dar às coisas do espírito.
Em nossas atividades cotidianas, a luta pela subsistência permanece atrelada ao trabalho honesto, e muitas vezes também atrelada aos trabalhos desonestos, à corrupção, ao crime de todas as naturezas. Até mesmo dentro dos templos religiosos onde se tem por hábito fazermos os jejuns, mesmo assim o controle alimentar se faz no sentido de atender um certo dogma que se torna automático. O alimento espiritual que deveria ser focado e praticado, poucos fazem, poucos entendem.
Estamos mergulhados dentro de uma sociedade essencialmente materialista, que usa os recursos religiosos para atender os desejos instintivos da carne, associados ao egoísmo. Em função disso, podemos observar que o Brasil, um dos maiores países religiosos do planeta, fique tão prejudicado pelas iniquidades praticadas por seus habitantes, mesmo que muitos deles sejam sacerdotes de uma das muitas religiões.