Ao sair do deserto, Jesus deveria iniciar sua missão. Acabara de ser batizado por João Batista e agora era chegada a hora de escolher aqueles que deveriam ajudar nesse trabalho. Mas como fazer esse convite sem dizer quem era e qual o tipo de trabalho que era necessário? Não era conveniente ele dizer de imediato que era o Messias, tão profetizado e tão esperado. Certamente não iriam acreditar nele, devido a sua aparência modesta e pacífica. Todos esperavam um Messias opulento e guerreiro, capaz de arregimentar o povo e libertá-lo do jugo romano.
Assim como Jesus, todos nós temos uma missão nessa reencarnação ou qualquer uma delas. Geralmente a missão de quem vem encarnar no planeta Terra, lugar de provas e expiações, tem justamente de fazer isso: provar que é capaz de cumprir a missão que lhe foi destinada ou ser capaz de expiar o mal que tenha feito em encarnações anteriores.
Agora, dentro do atual mundo material, sabedor de qual missão deve ser realizada, se necessitar de auxiliares para a sua efetivação, como o missionário irá se revelar. Importante fazer como Jesus, começar a praticar sua missão e deixar que os outros o reconheçam e queiram participar.
Uma missão destinada a ajudar a humanidade com o sacrifício dos próprios interesses, da própria vida, parece muito pretenciosa, como parecia ser esse o caso de Jesus, que foi muito criticado por seus contemporâneos.
Agora, o que interessa é saber se o predestinado ou quem assim aceita determinada missão que vem a sua consciência, está disposto ou tem a coragem e energia suficiente para colocar em prática o que a missão exige.
Não é a afirmação de quem quer que seja, dizendo ser filho de Deus e que tem determinada missão, que irá convencer quem quer que seja. Pode ser que conquiste alguns crédulos para o que ele fala, mas se as ações coerentes com a missão citada não forem realizadas, nenhum crédito persistirá.
Talvez muitos de nós, humanos, intuídos na consciência por alguma linha de ação que consideramos muito importante colocar em prática, tenha se disposto no seu íntimo a fazer isso. Este é o primeiro passo a ser dado pelo missionário à nível de sua consciência. Primeiro ter adquirido a disposição íntima, ao longo dos séculos de aprendizado na carne, dos valores espirituais. Segundo, adquirir na atual existência a intenção de realizar o que considera importante para a evolução espiritual, sua e do próximo, da humanidade. Tudo isso é adquirido a nível íntimo e que deve vir à luz, ser realizado. Este é o terceiro passo, mais difícil, pois torna a pessoa um alvo para os adversários, que pensam de forma diferente, que têm os paradigmas de vida associados aos valores materiais e pouco sabem ou se interessam pelos valores espirituais.
Muitos talvez estejam assim, se arrastando na prática de sua missão... e é conveniente que não diga para ninguém quem é ou o que deve fazer. É o próximo, a testemunha de suas ações quem deve descobrir. Por isso essa lição de Jesus, “Não sou eu que direi...” tem um profundo e sutil ensinamento que poucos podem alcançar e aplicar na sua própria vida.