Sióstio de Lapa
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Meu Diário
13/07/2019 00h12
O FANTASMA DA ÓPERA – UM MITO (10) – MORTE AOS VÍCIOS

            Continuando a transcrição da palestra sobre a obra de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, feita pela professora Lucia Helena, voluntária da Nova Acrópole, e que está disponível no Youtube, muito útil para nossas reflexões.

            Bom, uma coisa que chamo a atenção de vocês, que é interessante. Olhem as imagens do filme e vocês vão ver. Tem o candelabro maravilhoso que tem um papel importante, porque quando a cena se destrói, o candelabro que é a luz artificial cai e toca fogo em tudo. No processo ele é como a luz da fogueira dentro da caverna de Platão. Você vai ver que na decoração dentro do teatro, tem um determinado local, homens com as mãos amarradas para trás com os olhos vendados, como se fossem os escravos da caverna, assistindo ali aquele espetáculo. Elementos que tiveram o requinte de colocar na decoração do teatro para o filme. Homens com as mãos amarradas para trás e olhos vendados, vários em fila. Aquilo é muito indicativo, muito claro. O teatro começa com a sua luz artificial, com seu mundo de fantasia e os homens estão ali aprisionados, cegos, presos naquelas ilusões. São muitas as indicações, muitas as dicas.

            Nós vamos ver, num determinado momento, Christine, a sua hesitação entre o Fantasma e Raoul, o medo que ela tem do Fantasma, começa a ter medo dele, de incitar o medo dele, como se fosse um ser destrutivo. E de fato, no filme, eles nos deixam na dúvida. Porque Eric, que é o Fantasma, começa a matar um monte de gente, diz um monte de coisas e isso vai apavorando Christine, vai fazendo com que ela realmente ache que ele é um monstro. Ele mata um dos cantores da ópera, mata uma das pessoas que estão nos bastidores manipulando as cordas do teatro. Ele começa a matar todas as coisas que fazem com que Christine fique presa àquele mundo. Começa a matar os atores pequenos que estão ali, mantendo Christine presa àquele mundo. Então, se você ver, por exemplo, o cantor vaidoso que ia contracenar com ela, o Don Juan, ele vai lá e mata, ele consegue matar a vaidade. O cidadão que operava as cordas, ou seja, a manipulação, o jogo, para manter o jugo naquela superficialidade, ele mata a manipulação, e mata a vaidade e vai matando todos os aspectos da personalidade de Christine que impedem que ela vá para ele. Mas tem um elemento que não consegue matar, porque ela tinha necessidade da experiência, que é Raoul.

            A simbologia da morte de pessoas representando aspectos da personalidade de Christine que devem ser extintas, levam inevitavelmente a considerar a maldade nos atos de Eric. O que o autor do livro/filme demonstra poder acontecer com as ações de o Fantasma da Ópera, na sua simbologia de destruir os vícios do outro, não pode acontecer na vida real. Uma pessoa não pode apagar os vícios de quem quer que seja, isso depende apenas da pessoa, se ela quiser e se esforçar para tanto.

            Serve para nós, assistentes, a lembrança que possuímos todos os vícios dentro de nós, ativos ou não, e que devemos gastar muita energia se quisermos nos livrar deles, pois estão incrustados nos porões do nosso inconsciente, as vezes sem nem notar a existência deles.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/07/2019 às 00h12