Lendo o livro “Dez dias que abalaram o mundo”, do jornalista John Reed, que pretende apresentar os fatos ocorridos durante a revolução russa, mostra o Processo Parlamentar, uma das formas de agrupamento humano para conduzir a vida em coletividade.
Tendo em vista a transformação da Terra de planeta de provas e expiações para planeta de regeneração, deixando de ser o mal, prevalente na sociedade, podemos comparar com o Processo Parlamentar que procura transformar as relações sociais injustas e egoístas em relações mais solidárias, deixando os interesses materialistas em plano secundário, priorizando o espiritual.
Dessa forma podemos aplicar o Processo Parlamentar ocorrido na Rússia, praticado pelos sovietes (conselho) que lutavam contra as injustiças sociais, dentro de um Processo Espiritual que visse transformar qualquer tipo de organização humana, numa organização composta de cidadãos que procuram praticar a Lei de Deus e construir o Reino de Deus.
Então, como poderia se desenvolver esse Processo Espiritual, com base no Processo Parlamentar? Seria um local de debates entre todas as pessoas que mostram interesse na evolução espiritual, principalmente as pessoas envolvidas nas diversas religiões. Nas reuniões, o primeiro ato seria a eleição de um Diretório, um comitê de direção composto proporcionalmente por representantes das igrejas ou demais grupos e facções espirituais, comprometidas na construção do Reino de Deus e representadas na Assembleia. O Diretório define a ordem do dia, e seus membros podem ser chamados pelo presidente para dirigir temporariamente os trabalhos.
Cada ponto de discussão (pauta) é estabelecido de forma genérica e então debatido. Ao final dos debates, cada facção ou grupo religioso apresenta uma resolução, sendo cada uma delas votada em separado.
A ordem do dia pode ser totalmente alterada já na primeira hora dos trabalhos. Alegando uma “urgência” que pode ser admitida pelos presentes, qualquer pessoa pode se levantar e dizer o que quiser sobre qualquer assunto, desde que tenha sintonia com a construção do Reino de Deus, com base nas lições do Cristo presente nos Evangelhos.
É o conjunto dos presentes que controla o desenrolar da reunião, e a função do presidente se resume a manter a ordem utilizando uma sineta e dando a palavra aos oradores. O verdadeiro trabalho se realiza quase inteiramente em reuniões prévias das diferentes igrejas e grupos espirituais, que representadas por um porta-voz, votam sempre em bloco. O resultado é que, a cada novo ponto importante, ou votação, a sessão é interrompida para um recesso, a fim de possibilitar que essas diferentes igrejas e grupos espirituais se reúnam.
A Assembleia deve ser extremamente fraterna, procurando compreender o ponto de vista do orador, se há sintonia com a Lei do Amor Incondicional, principal Lei que deve reger todas as demais que forem elaboradas e aprovadas. Com essa atitude, a Assembleia utiliza o gesto da ovação, das palmas, e jamais dos apupos, das vaias. A compreensão de seguir as últimas lições dadas pelo Cristo àqueles que estão dispostos a implementar o Reino de Deus, é imperativo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”!