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14/09/2019 00h09
LILI MARLEEN

            Recebi de uma amiga querida, que antipatiza com o presidente Bolsonaro, um texto que circula na net referente a um “recado” que foi passado pelas forças armadas por ocasião do desfile de 7 de setembro. Irei reproduzir esse texto e logo em seguida outro texto que fui buscar em pesquisa na própria net e que encontrei no site MiniWebEducação, para fazermos uma reflexão justa sobre o que se passou.

“Não foi gafe, foi recado

            Canção de soldado nazista abre desfile dos Fuzileiros Navais no Sete de Setembro

7 de setembro de 2019

Por Ivanir José Bortot

Gafe no desfile de 7 de setembro em Brasília. A Banda dos Fuzileiros Navais abriu a fase militar do desfile (a marcha foi iniciada por estudantes e civis) tocando a música-símbolo dos soldados nazistas na Segunda guerra Mundial, a canção Lili Marleen, que ficou conhecida mundialmente como Lili Marlene.

Adotada como hino pela 4ª Divisão Blindada da Wehmacht (Exército Alemão na Segunda Guerra), a música que fala da saudade da namorada que ficou em casa era cantada pelos soldados no front. Desde então, Lili Marlene é tida como canção símbolo do soldado do Exército de Hitler naquele conflito.

Uma curiosidade: Composta em 1915 por Hans Liep, a música fez sucesso na interpretação da atriz e cantora Marlene Dietrich, em 1932, pouco antes de a diva exilar-se nos Estados Unidos fugindo dos nazistas. Em 1938 ganhou nova letra de Norbert Schulze, gravada pela cantora Lale Andersen. Esta versão que foi adotada pelos soldados como canção da saudade da pátria e da família.

Nas trincheiras dos montes Apeninos, na Segunda Guerra, os soldados alemães cantavam Lili Marlene, enquanto do outro lado da trincheira os brasileiros entoavam a Canção do Expedicionário (letra de Guilherme De Almeida; música de Spartaco Rossi) que, em vez da melancólica saudade dos alemães derrotados, exaltava a vitória: “Por mais terra que eu percorra, não permita Deus que eu morra sem que volte para lá”. A fabulosa banda dos Fuzileiros poderia ter escolhido uma música como essa canção das pracinhas, que diz: “vitória, vitória final, caminha no meu fuzil”.

Por essa, ninguém esperava. ”

Via Katia Roa

            Vejamos agora o que diz o texto do site MiniWebEducação.

Música Lili Marleen

Marlene Dietrich, nome artístico de Marie Magdelene Dietrich von Losch (Berlin-Schöneberg, 27 de dezembro de 1901 — Paris, 6 de maio de 1992) foi uma atriz e cantora alemã, naturalizada estadunidense.

Muito mais que uma canção dos soldados alemães sobre separação, despedida e a incerteza de um dia retornar, "Lili Marleen" foi tema de exposição. Tratou-se de uma homenagem ao clássico que virou mito integrante não só da cultura alemã, um sucesso que virou história.

A canção Lili Marleen, popularizada pela diva Marlene Dietrich entre os soldados aliados durante a Segunda Guerra Mundial, foi o tema de uma exposição na Casa da História Alemã (Haus der Geschichte), em Bonn. A exposição englobou mais de 300 objetos, desde discos, cartas dos soldados, cartazes de filmes e shows, mas também roupas da época. O destaque especial foi para o uniforme usado por Marlene nos anos 1944 e 1945, nas suas apresentações aos soldados das tropas Aliadas na Alemanha e na França. Presa na roupa está a medalha conquistada pela estrela, por seus méritos na campanha antinazista e pelo moral das tropas.

Pode-se ver ainda o diário de Lale Andersen, que popularizou Lili Marleen a partir de 1939. Em 1942, por se corresponder com emigrantes judeus, os nazistas a proibiram de se apresentar em público.

            Soldado escreveu a letra – Podem ser vistos também o manuscrito e a partitura original da música, ainda mais antiga do que se imagina. A letra, de Hans Leip, data de 1915. Em plena Primeira Guerra Mundial, o soldado de 21 anos rascunhou os versos num pedaço de papel, pouco antes de deixar sua caserna, em Berlim, para o front. O que o inspirou foi a despedida de um jovem soldado da namorada e de uma amiga, sob a luminária pública (Laterne). As garotas chamavam-se Betty, de apelido Lili, e Marleen.

 

Mas foi a música, composta por Norbert Schultze, em 1938, e a interpretação de Lale Andersen, no ano seguinte, que transformaram a canção sentimentalista em propaganda de guerra. A interpretação da diva Marlene Dietrich celebrizou a composição, traduzida para mais de 40 idiomas.

Motivação para as duas frentes – O curioso desta música é que ela foi usada pelos dois lados em conflito. Tratava-se de mais que uma simples canção sobre separação, despedida e incerteza de um dia retornar aos braços da amada. Desde 1942, a propaganda nazista não parava de tocar a música, inclusive na versão em inglês. Os britânicos revidaram com a mesma canção, na interpretação de Anne Shelton, muito popular entre os soldados.

Em abril de 1942, a guerra da propaganda com Lili Marleen chegou a um apogeu: a BBC de Londres divulgou uma paródia antinazista da canção, interpretada pela atriz alemã Lucie Mannheim, que havia fugido da Alemanha. Na estratégica batalha de Tobruk, na costa da Líbia, tanto nazistas quanto aliados ouviam a canção a partir de alto-falantes, instalados na frente de guerra. Também as tropas soviéticas se aproveitaram do motivo, através de panfletos com apelos aos alemães para que retornassem às suas "lilis".

Entrementes a música virou figura cult e objeto de consumo. A canção já foi gravada por várias estrelas da música internacional, serviu de registro para o nome de uma rosa, de um vinho e serviu de inspiração para um filme de Rainer Werner Fassbinder, com Hanna Schygulla. A exposição aconteceu na Casa da História Alemã, em Bonn, no ano de 2002.

            Qual o recado que as forças armadas quiseram passar? Pergunto aos meus leitores após avaliar essa história. Quem ler o primeiro texto e não tem oportunidade de ver outra versão, pode imaginar um clima de ameaça vindo de nossas forças armadas contra nossa própria nação, não é verdade? Qual o interesse do autor do primeiro texto agir assim? Contribuir para desestabilizar um governo eleito democraticamente e cuja plataforma principal é o combate à corrupção e as injustiças?

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/09/2019 às 00h09