Ao ler o livro “Jornal Nacional – a notícia faz história”, de Memória Globo, de Jorge Zahar Editor Ltda. 2004, vejo no terceiro parágrafo do prefácio que tem o título – A Pura Verdade, escrito por João Roberto Marinho, vice-presidente das organizações Globo e presidente do Conselho Editorial, que diz o seguinte:
Foi o que Roberto Marinho fez ao longo de toda a sua vida, tendo ao seu lado os irmãos, Ricardo e Rogério Marinho. E é exatamente o que meus irmãos, Roberto Irineu e José Roberto, e eu procuramos fazer até hoje. Desde o começo, meu pai buscou profissionais competentes, não importando o matiz ideológico. “Os comunistas de Roberto Marinho” não são apenas parte do folclore político, mas a prova de que, para meu pai, importava mais a capacidade de trabalho do que as divergências do pensamento. Ao lado disso, assim como A Noite, de Irineu, O Globo, de Roberto Marinho sempre foi mais voltado para a notícia do que para o debate pseudo-intelectual, muitas vezes estéril, tão em moda nos jornais do início do século XX. Ele tinha a convicção de que a um jornal não cabe formar opinião, mas oferecer ao leitor as informações relevantes para que ele forme suas próprias opiniões. Isso nunca significou abdicar de suas opiniões, mas estas tinham seu lugar adequado nos editoriais do Globo.
É este jornalismo que não conseguimos ver nas organizações Globo, pelo menos hoje. Onde estão tantas ações positivas feitas pelo atual governo federal que não constam de suas pautas? Onde estão as informações relevantes necessárias para formamos nossas opiniões independente da tutoria de quem quer que seja?
Esta forma de tratar a notícia nos dias de hoje, é como se fosse colocada em destaque a Mentira vestida com as roupas da Verdade, da parábola que vimos no texto anterior. A Verdade continua circulando entre a gente, mas como fere ao pudor, por se mostrar nua e crua, muita gente vira o rosto, o raciocínio, e prefere seguir as narrativas que chegam travestidas da Verdade.
Porém, temos uma alternativa hoje, no florescer das redes sociais com tantos canais de comunicações. Podemos ir em busca daquelas fontes que mais se adaptam à verdade conforme intuímos e verificamos pela razão, lógica e coerência. Por exemplo, como aceitar uma fonte que tenta desconstruir um governo que, por sua vez, tenta desconstruir toda uma rede de corrupção que ainda infesta nosso país? Confesso que me sinto, ao ter contato com narrativas tendenciosas, como se tivesse sendo puxado pela orelha para atender a vontade de um padrasto que tem intenções muito diferentes do meu verdadeiro pai. Assim, acredito, existem muitos como eu.