Ao ver o 6º episódio do documentário “A História de Deus” conduzido pelo ator Morgan Freeman percebi que tem um ótimo diálogo para chegar perto da compreensão de Deus. Vejamos desde o início para nossas reflexões.
Inicia com Morgan fazendo um monólogo sobre sua vida.
Quando eu tinha 16 anos fiquei muito doente. Estava dando duro na escola, não comia direito, peguei pneumonia e um abcesso se desenvolveu no meu pulmão. Um dia o abscesso estourou e tive hemorragia. Precisei de transfusão. Acho que todos acharam que eu fosse morrer. Claro que não morri. Mas alguns dizem que Deus me salvou. Para os crentes, Deus fala conosco através de milagres, seriam a prova do divino.
Sim, aqui começam todas as dúvidas. Foi um milagre que salvou Morgan? Alguns pensam assim, outros dizem que foi simplesmente sua resistência biológica associada as técnicas médicas que o salvou. Instalou-se a dúvida. Quem está com a razão? Os crentes ou os céticos?
Também passo por uma dúvida semelhante. Como primeiro filho de minha mãe, parindo numa cidade do interior sem os recursos da medicina, assistida por uma parteira da comunidade, tive muita dificuldade para atravessar o canal do parto. Até hoje tenho as marcas dos dedos daquela parteira em minha cabeça e um certo desvio na postura que os fotógrafos sempre corrigem quando vou tirar retrato 3 x4. Tudo isso quando ela tentava me resgatar para a luz sem sucesso.
Foi quando, sem outro recurso, entre a vida e a morte minha e de minha mãe, lembraram que estávamos no mês de outubro, mês que se festeja o dia de São Francisco de Assis. Tiveram a ideia de fazer uma promessa para o santo que tinha fama de fazer milagres. Não sei como aconteceu, mas acontece que hoje estou aqui digitando este texto. Minha mãe pagou a promessa colocando meu nome de Francisco, estaria dedicado a ele. Se houve o pagamento é porque meus parentes acreditaram que ocorreu um milagre.
A minha consciência não pode afirmar que houve o milagre, comigo ou com Morgan. Meu senso crítico se mantém alerta, mesmo porque tenho outra tese forte na minha racionalização, que milagre existe enquanto não possuímos a forma de explicar o fenômeno de outra maneira.
Dentro desse contexto racional que sempre está se afirmando com fatos estranhos que o tempo, a ciência e a tecnologia passam a explicar, fico mais confortável em caracterizar tais fenômenos como milagres, entendo que assim é classificado até descobrir uma razão para sua causa.
Enfim, o milagre existe para mim, mas como uma prova de minha ignorância. Isso não desautoriza a existência de Deus, de um Poder Superior que a tudo criou e ao qual devo reverência e obediência.